domingo, 29 de abril de 2018

RESPOSTAS CATÓLICAS: Irmão, Salve Maria imaculada, gostaria de saber uma coisa, alguém que sabe que a igreja católica é a igreja de Cristo, e a nega, essa pessoa é salva? Protestante que ataca a igreja de forma deliberada alcança a salvação mesmo sem comungar os sacramentos da igreja e ainda os condenar?


Por Edgar Leandro da Silva 

Prezado Ivaldo,Salve Maria!
Nestes casos levantados por você,não parece haver boa fé.Se houver,o que é muito dificil julgar,será salvo se viver bem. A igreja Católica tem como verdade de Fé que “Fora Dela Não há Salvação” como ensina o Catecismo da Igreja Católica:
FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO»
846. Como deve entender-se esta afirmação, tantas vezes repetida pelos Padres da Igreja? Formulada de modo positivo, significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça pela Igreja que é o seu Corpo.

 O santo Concílio «ensina, apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, que esta Igreja, peregrina na terra, é necessária à salvação. De facto, só Cristo é mediador e caminho de salvação. Ora, Ele torna-Se-nos presente no seu Corpo, que é a Igreja. Ao afirmar-nos expressamente a necessidade da fé e do Baptismo, Cristo confirma-nos, ao mesmo tempo, a necessidade da própria Igreja, na qual os homens entram pela porta do Baptismo. É por isso que não se podem salvar aqueles que, não ignorando que Deus, por Jesus Cristo, fundou a Igreja Católica como necessária, se recusam a entrar nela ou a nela perseverar» (341).

847. Esta afirmação não visa aqueles que, sem culpa da sua parte, ignoram Cristo e a sua igreja.

Com efeito, também podem conseguir a salvação eterna aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, no entanto procuram Deus com um coração sincero e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a sua vontade conhecida através do que a consciência lhes dita» 342


848. «Muito embora Deus possa, por caminhos só d'Ele conhecidos, trazer à fé, «sem a qual é impossível agradar a Deus» (343), homens que, sem culpa sua, ignoram o Evangelho, a Igreja tem o dever e, ao mesmo tempo, o direito sagrado, de evangelizar» (344) todos os homens.
(Catecismo da Igreja Católica,846-848)
  
Jesus Cristo, o Filho de Deus, só confiou à Sua Igreja que é Una, Santa, Católica, Apostólica, por intermédio do Magistério da Igreja Católica (os bispos católicos em comunhão com o papa, sucessor do apóstolo Pedro) a tarefa de guardar, defender, interpretar sob a inspiração do Espírito Santo, e transmitir fielmente a todos os povos, o monopólio da Verdade, isto é, a "Verdade profunda tanto a respeito de Deus como a respeito da salvação dos homens".
Logo, Pertencer a uma seita protestante qualquer, não é pertencer à Igreja de Cristo de modo algum, é sim um impedimento para a Salvação. É certo que muitos deles encontram-se também em negação pertinaz da Verdade, embora sejam capazes de compreendê-la. Para estes só restará o fogo do inferno, pois fizeram como os fariseus, que viram a Verdade, mas não a aceitaram porque não quiseram.
Entretanto devemos sempre procurar a evangelização dos protestantes e procurar lhes ensinar a Verdade.
Devemos sempre meu caro Ivaldo, rezar pela conversão deles!
Espero ter ajudado,
Ad Majorem Dei Gloriam,
EDGAR LEANDRO DA SILVA

domingo, 22 de abril de 2018

RESPOSTAS CATÓLICAS: “Alguém levantou a seguinte questão: no tempo em que Jesus foi crucificado, havia uma Lei que garantia à mãe viúva e sem fonte de renda, pedir ou solicitar às autoridades Romanas a suspensão dessa pena de morte de cruz. Dessa forma Maria poderia ter solicitado que Jesus não fosse crucificado! Isso procede?


Prezado Ricardo, Salve Maria!

Antes de mais nada, gostaria de lhe agradecer pela sua confiança depositada nas respostas deste simples Apostolado, Que Deus te abençoe!

Isso não procede. Apenas um cidadão romano podia usufruir dos benefícios do Direito Romano. São Paulo por exemplo, era um cidadão romano, conforme se comprova pela própria Sagrada Escritura:


"Haviam-no escutado até essa palavra. Então levantaram a voz: Tira do mundo esse homem! Não é digno de viver! Como vociferassem, arrojassem de si as vestes e lançassem pó ao ar, o tribuno mandou recolhê-lo à cidadela, açoitá-lo e submetê-lo a torturas, para saber por que causa clamavam assim contra ele. Quando o iam amarrando com a correia, Paulo perguntou a um centurião que estava presente: É permitido açoitar um cidadão romano que nem sequer foi julgado? Ao ouvir isso, o centurião foi ter com o tribuno e avisou-o: Que vais fazer? Este homem é cidadão romano. Veio o tribuno e perguntou-lhe: Dize-me, és romano? Sim, respondeu-lhe.
O tribuno replicou: Eu adquiri este direito de cidadão por grande soma de dinheiro. Paulo respondeu: Pois eu o sou de nascimento. Apartaram-se então dele os que iam torturá-lo. O tribuno alarmou-se porque o mandara acorrentar, sendo ele um cidadão romano." Atos 22,22-29

Agora façamos um pequeno exercício de lógica meu caro Rodrigo, e imaginemos que Maria Santissima pudesse apelar para esta lei...Ora,seria um absurdo pois Jesus veio ao mundo com o objetivo especifico de morrer por nós,esta era a sua principal missão,dar sua vida pela remissão dos nossos pecados.

Aliás já no antigo testamento no livro dos salmos, já profetizava este sofrimento que ia ser vivido por Nosso Senhor na Cruz, Livro dos Salmos:

“Meu Deus,Meu Deus porque me abandonaste,
E permaneceis longe de minhas súplicas e de meus gemidos,
Meu Deus,clamo de dia e não me respondeis;
Imploro de noite e não me atendeis;
Entretanto,vós habitais em vosso santuário,
Vós,que sois a glória de Israel.
Nossos Pais puseram sua confiança em vós,
Esperaram em vós e os livrastes.
A Vós clamaram e foram salvos;
Confiaram vós e não foram confundidos.
Eu,porém,sou um verme,não sou homem.
O opróbrio de todos  e a abjeção da plebe.
Todos os que me vêem zombam de mim.
Dizem meneando a cabeça:
Esperou no Senhor,pois que ele o livre;
Que o salve,se o ama.
Sim,fostes vós que me tirastes das entranhas da minha mãe
E,seguro me fizestes repousar em seu seio.
Eu vos fui entregue desde o meu nascer,
Desde o ventre de minha mãe vois sos o meu Deus.
Não fiqueis longe de mim,pois estou atribulado;
Vinde perto de mim,porque não há quem me ajude.
Cercaram-me touros numerosos,
Rodeiam-me touros de basã;
Contra mim eles abrem suas fauces,
Como o leão que ruge e arrebata.
Derramo-me como água,
Todos os meus ossos se desconjuntam;
Meu coração tornou-se como cera,
E derrete-se nas minhas entranhas.
Minha garganta está seca qual barro cozido,
Pega-se no paladar a minha língua;
Vós me reduzistes ao pó da morte.
Sim, rodeiam-me uma malta de cães,
Cercam-me um bando de malfeitores,
Transpassaram minhas mãos e meus pés;
Poderia contar todos os meus ossos,
Eles me olham e me observam com alegria,
Repartem entre si as minhas vestes,
E lançam sorte sobre a minha túnica.
Porém,vós Senhor,não vos afasteis de mim.
Ó meu auxilio,bem depressa me ajudai!
Livrai da espada a minha alma,
E das garras dos cães a minha vida (Salmos,21,2-21)

Este Salmo Descreve fielmente o sofrimento de Nosso Senhor na Cruz,nos indica que ele,no momento da agonia, faz uma súplica e também uma citação da profecia que se concretizava.

Nossa Senhora não fez nada para impedir o sofrimento e a morte de seu filho,como Corredentora,sofrendo com ele por nós.ela poderia fazer algo,pedindo ao pai ou aos poderes da terra  mas não fez ela pensava em nós.

Espero ter lhe ajudado,

Ad Majorem Dei Gloriam,

EDGAR LEANDRO DA SILVA

quinta-feira, 19 de abril de 2018

IGREJA: BISPOS REUNIDOS EM ASSEMBLÉIA DEIXAM MENSAGEM AO POVO DE DEUS

Por CNBB
O cardeal Sergio da Rocha, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) falou aos jornalistas reunidos na Coletiva de Imprensa da 56.ª Assembleia Geral da entidade, na tarde do dia 19 de abril, e pediu a dom Murilo Krieger, vice-presidente, que lesse a mensagem da conferência ao povo de Deus.
O documento registra a comunhão do episcopado brasileiro com o papa Francisco e destaca a necessidade de promover o diálogo respeitoso para estimular a comunhão na fé em tempo de politização e polarizações nas redes sociais.
A mensagem retoma a natureza e a missão da entidade na sociedade brasileira.
Confira, na sequência, a íntegra do documento que será enviado à todas as 277 circunscrições eclesiásticas do Brasil, incluindo arquidioceses, dioceses, prelazias, entre outras.


Mensagem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ao povo de Deus
“O que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo.” (1Jo 1, 3)
Em comunhão com o Papa Francisco, nós, Bispos membros da CNBB, reunidos na 56.ª Assembleia Geral, em Aparecida-SP, agradecemos a Deus pelos 65 anos da CNBB, dom de Deus para a Igreja e para a sociedade brasileira. Convidamos os membros de nossas comunidades e todas as pessoas de boa vontade a se associarem à reflexão que fazemos sobre nossa missão e assumirem conosco o compromisso de percorrer este caminho de comunhão e serviço.
Vivemos um tempo de politização e polarizações que geram polêmicas pelas redes sociais e atingem a CNBB. Queremos promover o diálogo respeitoso, que estimule e faça crescer a nossa comunhão na fé, pois só permanecendo unidos em Cristo podemos experimentar a alegria de ser discípulos missionários.
A Igreja fundada por Cristo é mistério de comunhão: “povo reunido na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (São Cipriano). Como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (cf. Ef 5, 25), assim devemos amá-la e por ela nos doar. Por isso, não é possível compreender a Igreja simplesmente a partir de categorias sociológicas, políticas e ideológicas, pois ela é, na história, o povo de Deus, o corpo de Cristo, e o templo do Espírito Santo.
Nós, Bispos da Igreja Católica, sucessores dos Apóstolos, estamos unidos entre nós por uma fraternidade sacramental e em comunhão com o sucessor de Pedro; isso nos constitui um colégio a serviço da Igreja (cf. Christus Dominus, 3). O nosso afeto colegial se concretiza também nas Conferências Episcopais, expressão da catolicidade e unidade da Igreja. O Concílio Vaticano II, na Lumen Gentium, 23, atribui o surgimento das Conferências à Divina Providência e, no decreto Christus Dominus, 37, determina que sejam estabelecidas em todos os países em que está presente a Igreja.
Em sua missão evangelizadora, a CNBB vem servindo à sociedade brasileira, pautando sua atuação pelo Evangelho e pelo Magistério, particularmente pela Doutrina Social da Igreja. “A fé age pela caridade” (Gl 5, 6); por isso, a Igreja, a partir de Jesus Cristo, que revela o mistério do homem, promove o humanismo integral e solidário em defesa da vida, desde a concepção até o fim natural. Igualmente, a opção preferencial pelos pobres é uma marca distintiva da história desta Conferência. O Papa Bento XVI afirmou que “a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para enriquecer-nos com a sua pobreza”. É a partir de Jesus Cristo que a Igreja se dedica aos pobres e marginalizados, pois neles ela toca a própria carne sofredora de Cristo, como exorta o Papa Francisco.
A CNBB não se identifica com nenhuma ideologia ou partido político. As ideologias levam a dois erros nocivos: por um lado, transformar o cristianismo numa espécie de ONG, sem levar em conta a graça e a união interior com Cristo; por outro, viver entregue ao intimismo, suspeitando do compromisso social dos outros e considerando-o superficial e mundano (cf. Gaudete et Exsultate, n. 100-101).
Ao assumir posicionamentos pastorais em questões sociais, econômicas e políticas, a CNBB o faz por exigência do Evangelho. A Igreja reivindica sempre a liberdade, a que tem direito, para pronunciar o seu juízo moral acerca das realidades sociais, sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum ou a salvação humana o exigirem (cf. Gaudium et Spes, 76). Isso nos compromete profeticamente. Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada. Se, por este motivo, formos perseguidos, nos configuraremos a Jesus Cristo, vivendo a bem-aventurança da perseguição (Mt 5, 11).
A Conferência Episcopal, como instituição colegiada, não pode ser responsabilizada por palavras ou ações isoladas que não estejam em sintonia com a fé da Igreja, sua liturgia e doutrina social, mesmo quando realizadas por eclesiásticos.
Neste Ano Nacional do Laicato, conclamamos todos os fiéis a viverem a integralidade da fé, na comunhão eclesial, construindo uma sociedade impregnada dos valores do Reino de Deus. Para isso, a liberdade de expressão e o diálogo responsável são indispensáveis. Devem, porém, ser pautados pela verdade, fortaleza, prudência, reverência e amor “para com aqueles que, em razão do seu cargo, representam a pessoa de Cristo” (LG 37). “Para discernir a verdade, é preciso examinar aquilo que favorece a comunhão e promove o bem e aquilo que, ao invés, tende a isolar, dividir e contrapor” (Papa Francisco, Mensagem para o 52.º dia Mundial das Comunicações de 2018).
Deste Santuário de Nossa Senhora Aparecida, invocamos, por sua materna intercessão, abundantes bênçãos divinas sobre todos.
Aparecida-SP, 19 de abril de 2018.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília-DF
Presidente da CNBB
Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB


FONTE:http://www.cnbb.org.br/bispos-reunidos-em-sua-56a-assembleia-geral-enviam-mensagem-ao-povo-de-deus/

domingo, 15 de abril de 2018

RESPOSTAS CATÓLICAS: Pretendo praticar a autodefesa, porque a considero de suma importância nos dias convulsionados de hoje. Ela me possibilitará também participar de campeonatos e conseguir algum dinheiro para ajudar em casa. Pergunto se há alguma posição da Igreja quanto às artes marciais?


Prezado Mateus,Salve Maria!

Diante de seu questionamento e da dificuldade de encontrar tal resposta dentro do ensinamento oficial da Igreja católica, á altura que você merece Eu Edgar resolvi mandar seu questionamento para um sacerdote sábio e que com certeza poderia ajudar. Trata-se de Monsenhor José Luiz Marinho Villac que tem uma coluna na Revista Catolicismo chamada “A palavra do sacerdote” onde o mesmo responde a diversos questionamentos,dúvidas dos leitores da revista. E justamente um dos leitores digamos “premiados” fui eu agora na edição de Dezembro e em fim sua pergunta foi respondido pelo referido sacerdote.

Eu vou postar a resposta na integra aqui,mas se quiser também pode conferir no seguinte endereço:


A Seguir então a resposta do Monsenhor ao seu questionamento que estará em Itálico.

Resposta — A pergunta de nosso missivista pode interessar não somente aos jovens leitores desejosos de praticar algum esporte de autodefesa, mas também aos pais que, no intuito de dar uma boa formação e distração sadia a seus filhos, pensam na possibilidade de matriculá-los em alguma academia de artes marciais, como karatê, judô etc.

Dentro da finalidade desta coluna, três aspectos do problema podem ser estudados: a prática de um esporte em geral; o aprendizado de técnicas de autodefesa; e a questão das artes marciais de origem oriental.
Quanto ao primeiro aspecto, ou seja, a conveniência da prática do esporte e das condições para ele ser praticado de uma maneira moralmente proveitosa, de modo particular em se tratando de moças, esta coluna já o tratou na edição de fevereiro de 2016
Legítima defesa, segundo o Catecismo




Em princípio é perfeitamente lícito, segundo a doutrina católica, o aprendizado de técnicas de defesa pessoal

No que se refere ao aprendizado de técnicas de autodefesa – que, como diz o nosso missivista, se tornaram cada vez mais necessárias à vista do aumento de todo tipo de violência na sociedade atual –, trata-se no fundo de uma das formas que pode tomar a legítima defesa.
Em seu artigo sobre o 5° Mandamento da Lei de Deus, “Não matarás” (Ex 20, 13), o Catecismo da Igreja Católica explica, nos parágrafos 2263-2265, que a legítima defesa não é homicídio, porque “do ato de defesa pode seguir-se um duplo efeito: um, a conservação da própria vida; outro, a morte do agressor”, este segundo efeito estando “para além da intenção” de quem se defende. De fato, “o amor para consigo mesmo permanece um princípio fundamental de moralidade” e, portanto, é “legítimo fazer respeitar o seu próprio direito à vida”, já que “se está mais obrigado a velar pela própria vida do que pela alheia”. 

O Catecismo vai até mais longe e afirma que a “legítima defesa pode ser não somente um direito, mas até um grave dever para aquele que é responsável pela vida de outrem”.

Se o uso de armas é legítimo para defender a própria vida, a fortiori é lícito uma pessoa aprender técnicas muito eficazes de defesa pessoal para proteger a integridade física, a honra ou os bens próprios ou do próximo. Portanto, é perfeitamente lícito, segundo a doutrina católica, o aprendizado de técnicas de defesa pessoal.

Vigilância necessária na prática de certas lutas

Nas religiões orientais e nas correntes da Nova Era o “espírito” se confunde com a energia divina que anima todo o universo.

A questão das artes marciais de origem oriental é mais delicada de tratar, uma vez que elas podem ser consideradas ou como simples esportes – o judô, por exemplo, passou a ser uma disciplina olímpica nos Jogos de Tóquio de 1964 – ou como uma via espiritual.

Enquanto mera atividade esportiva ou de autodefesa, e desde que fique nesse âmbito, a prática das artes marciais orientais não apresenta maior dificuldade, porque elas se assemelham a outras formas ocidentais de esportes de combate, que é lícito praticar desde que não haja risco desproporcionado para a vida ou a integridade física dos esportistas.

Mas ditas artes marciais apresentam certos problemas delicados, se encaradas enquanto técnicas de desenvolvimento espiritual. Para compreender bem o problema é preciso fornecer algumas informações, ainda que sumárias e parciais, da origem e desenvolvimento das artes marciais no Oriente. Para simplificar, vamos tomar como exemplo as artes marciais japonesas.

Os leitores devem ter notado que todas as artes marciais japonesas têm como sufixo a sílaba “do”: ju-do, aiki-do, karate-do, kiu-do. O ideograma “do”, que se pode também ler “michi”, significa o caminho, a via, a rota. Trata-se da via espiritual seguida pelo praticante de uma arte marcial (um budo) para o desenvolvimento integral de sua pessoa, sobretudo na sua dimensão espiritual. No fundo, é um modo de vida apresentado como ideal por um mestre-guru, que a pessoa aceita seguir para tornar-se um homem de caráter, um justo dotado de princípios e convicções que respeita a natureza de sua humanidade.

Um verdadeiro budo não adquire apenas um saber técnico que o torna eficaz em uma forma de combate. Ele se distingue sobretudo pelo seu comportamento, cujas raízes estão no código de honra dos samurais (bushido) e nas regras de vida prescritas pelos antigos mestres espirituais, consideradas como base para a reta compreensão daquela arte marcial.

Como diz Peter Lewis, um divulgador dessa “via” no Ocidente, “a essência das artes marciais está no fato de os combatentes não visarem unicamente vencer a resistência do adversário, mas também conhecer o próprio ‘eu’ para poderem viver em harmonia com o universo. Em outras palavras, o combate passou de um simples instinto animal, natural, a uma ciência exata influenciada pelas doutrinas religiosas orientais, ensinadas há milhares de anos por aqueles grandes sábios e filósofos que descobriram como, canalizando as próprias energias através das artes marciais, a mente, o corpo e o espírito se unem num só ‘eu’, tornando assim possível a perfeita harmonia do ser com a natureza e o universo”.

De fato, nas religiões orientais e nas correntes da Nova Era o “espírito” se confunde com a energia divina que anima todo o universo. Desse conceito panteísta deriva a noção de “ki”, muito popular entre os adeptos das artes marciais, a qual se refere à parcela de energia cósmica inerente a cada ser existente (no caso do homem, residente no abdômen) e que se trataria de condensar e liberar no golpe assestado no adversário (daí o costume de proferir o grito de combate ki-ai!, ou seja, “exalação”, na fase decisiva da aplicação de uma técnica).

Essa filosofia panteísta impregna toda a encenação e prática das artes marciais orientais, desde o mokuso – ou meditação, no começo e no fim do treinamento, sentado no dojô (literalmente, “lugar para o estudo da Via”, que era originalmente a plataforma de meditação budista, mas virou o espaço para treinamento marcial) –, passando pelas saudações ao instrutor (sensei), até o aprendizado dos kata, movimentos simples e recorrentes, alternando contrações e descontrações, e destinados, pelo menos alguns deles, a unificar o corpo, o espírito e a alma.

Vigilância quanto á infiltração de religiões pagãs

A filosofia panteísta impregna toda a encenação e prática das artes marciais orientais, a começar pelo mokuso – ou meditação, no começo e no fim do treinamento, sentado no dojô (literalmente, “lugar para o estudo da Via”)

À vista do referido acima, o leitor compreenderá a dificuldade em dar uma resposta simples a uma questão tão complexa, a qual se reverte no seguinte: nas artes marciais orientais – praticadas não como simples esporte, mas como autêntica via de desenvolvimento pessoal – é possível separar as técnicas de combate e os exercícios de treinamento dos pressupostos filosóficos errados que lhes deram origem e dos rituais que os encapsulam? Em outras palavras, é possível “cristianizar” as artes marciais enquanto possível via espiritual e transformá-las em algo análogo aos torneios dos cavaleiros medievais em preparação para o combate? Ou estão elas intrínseca e inseparavelmente unidas às suas origens pagãs?

Para nós, ocidentais, cônscios da nossa própria personalidade individual e formados pela cultura católica na ideia de um Deus pessoal e transcendente, isso parece viável. Mas será possível para cristãos orientais imersos numa cultura impregnada pela ideia da imanência da energia divina no universo e de um futuro desaparecimento dos indivíduos no “Todo universal”? Cabe dizê-lo aos fiéis católicos e aos pastores verdadeiramente zelosos residentes nessas regiões pagãs.

Mas há uma obrigação certa para todos os católicos dos nossos dias, do Oriente e do Ocidente: é o dever de abrir os olhos para a crescente infiltração das religiões pagãs e do New Age, inclusive em nossas paróquias, sob o pretexto da prática de yoga ou de artes marciais. Tendo bem presente que na casa do Pai há muitas moradas, mas que o único Caminho para nos santificarmos e chegarmos até ela é Jesus Cristo, Nosso Senhor, uma vez que ninguém vai ao Pai senão por Ele (Jo 14, 6).

Até Aqui foi a resposta do sacerdote Monsenhor José Luiz Marinho Villac

Caro Mateus,Espero sinceramente que esta resposta tenha lhe ajudado,outras dúvidas não hesite em entrar em contato conosco,será um prazer ajudar.

Ad Majorem Dei Gloriam,

domingo, 8 de abril de 2018

RESPOSTAS CATÓLICAS: SOMENTE CRISTO E MARIA ESTÃO NO CÉU DE CORPO E ALMA ? E ENOQUE E ELIAS?



Por Edgar Leandro da Silva

Prezado Ricardo, Salve Maria!

A Igreja ensina que foi apenas Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora.

Sobre Henoc e Elias, Não é possível responder com certeza absoluta a sua questão, já que a "geografia do Além" não nos foi revelada em detalhes... Sabemos da existência do Céu (Mateus 5,12; Lucas 10,20 etc.), do Inferno (Mateus 5,22; Lucas 16,23 etc.) e do Purgatório (Mateus 5,25-26; 1Coríntios 3,13-15 etc.); sabemos ainda que na casa do Pai há muitas moradas (cf. João 14,2); que o céu tem vários níveis (cf. 2Coríntios 12,2); que Cristo desceu à "mansão dos mortos" (1Pedro 3,19) etc., mas não sabemos como tudo isso encontra-se exatamente organizado e localizado...

Há, pois, muitas conjecturas, todas elas destituídas de "autoridade final”.
Uma dessas conjecturas, talvez a mais clássica e aceita, foi apontado por um dos maiores Doutores da Igreja: São Tomás de Aquino. Com efeito, acerca da localização dos corpos de Henoc e Elias, escreve (Suma Teológica Parte III, questão 49, artigo 5, objeção 2:

"[Objeção pela qual] parece que Cristo, com sua Paixão, não nos abriu as portas do céu:
2. Antes de ocorrer a Paixão de Cristo, Elias foi arrebatado ao céu, como está escrito em 2Reis 2,11. Pois bem: então o efeito não precede a causa. Logo, parece que a abertura das portas do reino celeste não é efeito da Paixão de Cristo. [À essa objeção,] respondo:
2. Elias foi arrebatado para o céu aéreo, não para o céu empíreo, que é a mansão dos bem-aventurados. Do mesmo modo, Henoc foi levado para o paraíso terrestre, onde se crê que, juntamente com Elias, viverá até que ocorra a vinda do Anticristo".

Por "céu aéreo", portanto, entende São Tomás o próprio paraíso de Adão e Eva, paraíso este removido pelo Senhor para alguma parte desconhecida do céu, logo após a expulsão dos nossos primeiros pais (v. Gênese 3,23-24).

São Tomás se fundamenta, assim, no entendimento dos mais antigos, como Santo Ireneu de Lião, que escreveu no século II:

"Henoc agradou a Deus mesmo sem circuncisão e, sendo homem, foi embaixador junto aos anjos: foi levado e permanece até hoje testemunha do justo juízo de Deus, pelo fato de que os anjos transgressores caíram no juízo e o homem que tinha agradado a Deus foi levado à salvação" (Contra as Heresias 4,16,2).

E, detalhando mais ainda:

"Henoc, que agradou a Deus, foi transferido naquele mesmo corpo com que agradou a Deus, prefigurando a transladação dos justos (=referência a 1Pedro 3,19); e Elias foi levado, assim como se encontrava, na substância de sua carne, prenunciando profeticamente a assunção dos homens espirituais; o seu corpo não impediu em nada a sua transladação e assunção por Aquelas Mãos que no princípio os plasmou foram assumptos e transferidos. As mãos de Deus estavam acostumadas com Adão a unir, sustentar e levar a obra plasmada por elas, a transportá-la e situá-la onde queriam. Onde foi posto o primeiro homem? No paraíso, sem dúvida, como diz a Escritura (...) E foi de lá que foi expulso para este mundo, por ter desobedecido. E os presbíteros, discípulos dos Apóstolos, dizem que foi para lá que foram levados os que foram transferidos" (Contra as Heresias 5,5,1)

Assim exposto, verifica-se que Henoc e Elias foram levados para o Paraíso (=céu aéreo), enquanto que o "céu empíreo", reservado para os santos, foi-nos de fato aberto pela Paixão do Senhor.

Espero ter ajudado você,

Escreva-nos sempre,

Ad Majorem Dei Gloriam,
EDGAR LEANDRO DA SILVA

domingo, 1 de abril de 2018

IGREJA: MENSAGEM URBI ET ORBI SOBRE A PÁSCOA 2018


MENSAGEM URBI ET ORBI 

DO PAPA FRANCISCO
PÁSCOA 2018

Sacada Central da Basílica Vaticana

Domingo, 1° de abril de 2018


 Por Papa Francisco

Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa!

Jesus ressuscitou dos mortos.

Ressoa na Igreja, por todo o mundo, este anúncio, juntamente com o cântico do Aleluia: Jesus é o Senhor, o Pai ressuscitou-O e Ele está vivo para sempre no meio de nós.

O próprio Jesus preanunciara a sua morte e ressurreição com a imagem do grão de trigo. Dizia: «Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24). Foi isto mesmo que aconteceu: Jesus, o grão de trigo semeado por Deus nos sulcos da terra, morreu vítima do pecado do mundo, permaneceu dois dias no sepulcro; mas, naquela sua morte, estava contida toda a força do amor de Deus, que se desencadeou e manifestou ao terceiro dia, aquele que celebramos hoje: a Páscoa de Cristo Senhor.

Nós, cristãos, acreditamos e sabemos que a ressurreição de Cristo é a verdadeira esperança do mundo, a esperança que não decepciona. É a força do grão de trigo, a do amor que se humilha e oferece até ao fim e que verdadeiramente renova o mundo. Esta força dá fruto também hoje nos sulcos da nossa história, marcada por tantas injustiças e violências. Dá frutos de esperança e dignidade onde há miséria e exclusão, onde há fome e falta trabalho, no meio dos deslocados e refugiados – frequentemente rejeitados pela cultura atual do descarte – das vítimas do narcotráfico, do tráfico de pessoas e da escravidão dos nossos tempos.

E nós, hoje, pedimos frutos de paz para o mundo inteiro, a começar pela amada e martirizada Síria, cuja população se encontra exausta por uma guerra sem um fim à vista. Nesta Páscoa, a luz de Cristo Ressuscitado ilumine as consciências de todos os responsáveis políticos e militares, para que se ponha imediatamente termo ao extermínio em curso, respeite o direito humanitário e proveja a facilitar o acesso às ajudas de que têm urgente necessidade estes nossos irmãos e irmãs, assegurando ao mesmo tempo condições adequadas para o regresso de quantos foram desalojados.

Frutos de reconciliação, imploramos para a Terra Santa, ferida, também nestes dias, por conflitos abertos que não poupam os indefesos, para o Iémen e para todo o Médio Oriente, a fim de que o diálogo e o respeito mútuo prevaleçam sobre as divisões e a violência. Possam os nossos irmãos em Cristo, que muitas vezes sofrem abusos e perseguições, ser testemunhas luminosas do Ressuscitado e da vitória do bem sobre o mal.

Frutos de esperança, suplicamos neste dia para todos aqueles que anseiam por uma vida mais digna, especialmente nas regiões do continente africano atormentadas pela fome, por conflitos endémicos e pelo terrorismo. A paz do Ressuscitado cure as feridas no Sudão do Sul: abra os corações ao diálogo e à compreensão mútua. Não esqueçamos as vítimas daquele conflito, sobretudo as crianças! Não falte a solidariedade em prol das inúmeras pessoas forçadas a abandonar as suas terras e privadas do mínimo necessário para viver.

Frutos de diálogo, imploramos para a península coreana, para que os colóquios em curso promovam a harmonia e a pacificação da região. Aqueles que têm responsabilidades diretas ajam com sabedoria e discernimento para promover o bem do povo coreano e construir relações de confiança no âmbito da comunidade internacional.

Frutos de paz, pedimos para a Ucrânia, a fim de que se reforcem os passos a favor da concórdia e sejam facilitadas as iniciativas humanitárias de que necessita a população.

Frutos de consolação, suplicamos para o povo venezuelano, que vive – escreveram os seus Pastores – como que em «terra estrangeira» no seu próprio país. Possa, pela força da Ressurreição do Senhor Jesus, encontrar a via justa, pacífica e humana para sair, o mais rápido possível, da crise política e humanitária que o oprime e, àqueles dentre os seus filhos que são forçados a abandonar a sua pátria, não lhes falte hospedagem nem assistência.

Frutos de vida nova, Cristo Ressuscitado dê às crianças que, por causa das guerras e da fome, crescem sem esperança, privadas de educação e assistência sanitária; e também aos idosos descartados pela cultura egoísta que põe de lado aqueles que não são «produtivos».
Frutos de sabedoria, imploramos para aqueles que, em todo o mundo, têm responsabilidades políticas, a fim de que respeitem sempre a dignidade humana, trabalhem com dedicação ao serviço do bem comum e garantam progresso e segurança aos seus cidadãos.

Queridos irmãos e irmãs!

Também a nós, como às mulheres que acorreram ao sepulcro, é-nos dirigida esta palavra: «Porque buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui; ressuscitou!» (Lc 24, 5-6). A morte, a solidão e o medo já não são a última palavra. Há uma palavra que vem depois e que só Deus pode pronunciar: é a palavra da Ressurreição (cf. João Paulo II, Palavras no final da Via-Sacra, 18/IV/2003). Com a força do amor de Deus, ela «afugenta os crimes, lava as culpas, restitui a inocência aos pecadores, dá alegria aos tristes, derruba os poderosos, dissipa os ódios, estabelece a concórdia e a paz» (Precónio Pascal).

Feliz Páscoa para todos!