Santa Cecília, modelo de virgindade e fortaleza
Célebre virgem e mártir, padroeira dos
músicos, Santa Cecília, É venerada e aclamada há séculos em todo o mundo
católico. A ela estão dedicadas inúmeras catedrais e igrejas.
Santa Cecília pertencia a urna das famílias
mais ilustres de Roma, a dos Caecillius. Numa época - o século III - em que o
martírio era o fim provável dos cristãos, converteu-se decididamente ao Cristianismo,
consagrando sua virgindade a Nosso Senhor Jesus Cristo. Desde então, seu Anjo
da Guarda tornou-se-Ihe visível, protegendo-a nas mil vicissitudes da vida palaciana.
Sob o vestido de seda e ouro usava o cilício, multiplicando os jejuns e orações
para obter aquela coragem interior indispensável à perseverança.
Dom
Guéranger - notável abade beneditino do século XIX - quis colocar o primeiro
mosteiro de Beneditinas da Congregação de Solesmes sob a proteção desta Santa,
modelo ideal da virgindade cristã
Voto de virgindade
Obrigada
a casar-se com um jovem pagão, Valeriano, Cecília suplicava continuamente a
Deus a preservação de sua virgindade. Na brilhante festa profana dos esponsais,
cantava com os Anjos, interiormente: "Guardai, Senhor, sem mancha meu
coração e meu corpo".
Assim
que esteve a sós com Valeriano, expôs-lhe com firmeza o voto de virgindade,
asseverando que um Anjo de Deus a assistia e o mataria se não respeitasse
aquele voto.
Santamente
impressionado com a extraordinária revelação, Valeriano quis que o Anjo se
tornasse visível também a ele, para que pudesse acreditar. Ao saber que era
preciso "ser purificado na fonte que brota para a vida eterna", o
jovem não hesitou um instante, cônscio dos riscos que corria: foi logo
entrevistar-se com o Papa Urbano I. Esclarecido sobre as verdades fundamentais
da Fé, foi-lhe administrado o Batismo.
Regressando
a seu palácio, revestido da túnica branca dos neófitos, encontrou sua esposa em
oração, e ao lado dela, o Anjo Custódio, tendo nas mãos duas coroas de rosas e
lírios.
Colocando
uma sobre a cabeça de Cecília e outra sobre a de Valeriano, disse-Ihes o Anjo:
"Dos jardins dos Céus trago-vos estas coroas. conservai-as por vossa pureza;
não murcharão e nunca hão de perder o seu perfume. Entretanto, somente serão
vistas por aqueles que forem puros como vós. E agora, ó Valeriano, visto que
concordaste com o voto de castidade de Cecília, o Filho de Deus, Jesus Cristo,
enviou-me para receber todos 'os pedidos que quiseres fazer-lhe".
Valeriano
reduziu todos seus pedidos a um só: a conversão de seu irmão Tibúrcio.
Conversão de Tibúrcio
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No
dia seguinte, ao visitar os recémcasados, Tibúrcio percebeu o aroma de rosas e
lírios, maravilhando-se com o fato, sobretudo porque não via as flores, raras
naquela estação. Valeriano reveloulhe a existência das coroas, e que só lhe
seriam visíveis se se tornasse cristão. E começou a instruí-Io, com pouco sucesso.
Interveio então Cecília. Utilizando a linguagem dos profetas, tantas vezes repetida
pelos mártires, demónstrou toda a vergonha da idolatria, e alcançou que
Tibúrcio execrasse verdadeiramente os ídolos. Convertido e batizado, passou ele
a ver continuamente os Anjos e a conversar com eles!
Cecília
e Valeriano alegravam-se com estas maravilhas, e todos os três os enchiam a
Igreja com o brilho de sua caridade.
Os
dois irmãos foram em breve denunciados, perseguidos, e depois de uma corajosa
profissão de Fé, que converteu grande número de pagãos, foram degolados.
Preparando-se
para a tormenta inevitável, Cecília distribuiu todos os seus bens aos pobres e
doou seu palácio do Trastevere a um nobre personagem chamado Gordianp, para
que fosse salvo do confisco e consagrado depois ao culto católico.
Esse
palácio tornou-se uma das mais belas igrejas de Roma. Reconstruído no século IX,
e reformado no século XVI, constitui a atual Basílica de Santa Cecília, em
Roma, em cuja cripta repousam os corpos de Santa Cecília, São Valeriano e São
Tibúrcio.
Martírio de Santa Cecília
Depois
de ter enfrentado o prefeito de Roma com a altaneria e a majestade de uma
filha da Igreja, esposa de Cristo e patricia romana, refutando com lógica
inquebrantável as alegações do magistrado e patenteando aos olhos de todos sua
inocência, Cecília foi injustamente condenada à morte aproximadamente no ano
de 230, durante o reinado do Imperador Alexandre Severo.
O
prefeito romano, após infrutífera tentativa de matá-Ia pela ação de vapores
escaldantes, na sala de banhos do palácio de Santa Cecília, enviou um carrasco
com a ordem de cortar a cabeça da virgem com a espada. Depois de três golpes,
não tendo conseguido degolar aquela jovem de Fé inabalável, produzindo apenas
a efusão de sangue, o carrasco fugiu, pois havia uma lei que proibia ferir a
vítima que não tivesse morrido com três golpes.
Durante
três dias permaneceu Cecília agonizando, mantida em vida por verdadeiro
milagre, falando continuamente à multidão que se concentrava em tomo dela,
estimulando uns e convertendo outros. Somente ao terceiro dia, o santo Pontífice
Urbano I pôde comparecer ao local: "Pai - disse-lhe a Santa " pedi ao
Senhor esta demora para colocar nas vossas mãos os pobres que eu sustentava;
deixo-vos também esta casa, a fim de que, consagrada por vós, seja para
sempre uma igreja". Após essas palavras entregou sua bela alma a Deus.
Seu
corpo foi depositado numa uma de cipreste. Conservaram-lhe a posição em que
estava ao morrer: os braços estendidos, os três dedos simbolicamente dispostos,
indicando seu ato de fé na Santíssima Trindade, o rosto voltado para a terra.
Precisamente a posição em que foi encontrada nas escavações do século IX e do
século XVI.
FONTE: https://catolicismohoje.wordpress.com/2008/01/16/santa-cecilia-modelo-de-virgindade-e-fortaleza/