domingo, 24 de abril de 2022

COMENTÁRIOS: UM CATÓLICO PODE SER TAMBÉM ESPÍRITA?

 




Por Edgar Leandro da Silva

 

Prezados Amigos e Amigas, Salve Maria.

 

Hoje em dia não é dificil encontrar aqueles que apesar de se declararem como Católicos, também frequentam a centros espíritas.

Mas, será que dar pra ser Católico e Espírita ao mesmo tempo?

 

A resposta para esta pergunta é NÃO!

 

O espiritismo nega quase todo o Credo, e a reencarnação se opõe à pregação de Cristo em pontos essenciais, colocando em xeque toda a doutrina da salvação.

Por isso, o católico que resolve tornar-se espírita, por esse fato, exclui a si mesmo da Igreja.

Nosso Senhor nos ensinou que: "Ninguém pode servir a dois Senhores" (Mt 6,24).

E Além disso, A Bíblia ensina que: "está determinado que os homens morram uma só vez, e depois vem o julgamento" (Hebreus 9,27).

 

Logo, não existe a Reencarnação.

 

A Igreja aceita de bom grado as manifestações de espiritos do além, desde que sejam ESPONTÃNEAS oferecidas pela bondade do Pai Eterno. Por outro lado as manifestações provocadas, ou evocações são divinamente proibidas. Como a própria sagrada escritura nos proibe:

Qualquer homem ou mulher que evocar espíritos ou fizer adivinhações será morto,serão apedrejados,e levarão sua culpa”(Lv 20,27)

A igreja Católica ao proibir um católico de frequentar sessões espíritas não cerceia a liberdade do indivíduo, pois este pode escolher deixar a fé católica e aderir a qualquer credo, mas sendo católico deve ter a consciência da incompatibilidade entre as duas doutrinas.

Para encerrar, uma reflexão  de Dom Estêvão Tavares Bettencourt, monge beneditino, sobre o espiritismo:

"Eis por que não sou, nem posso ser, espíri­ta. Religião não é apenas emoção e sentimen­to, mas é culto a Deus e serviço aos homens, sempre iluminado pelas luzes da razão e da fé na Palavra de Deus. O que muito atrai as pes­soas ao Espiritismo, é a capacidade que este tem de suscitar afetos e emoções diversas, muitas vezes desligadas de senso lógico e es­pírito crítico. Ora, quem permite que os senti­mentos preponderem sobre o raciocínio, arris­ca-se a cometer graves erros doutrinários e pre­judicar sua saúde psíquica... principalmente quando se trata de religião, que é um dos fato­res mais aptos a impressionar o ser humano."
[cf. página 28 - Bettencourt, Estêvão, O.S.B. - Opúsculo - Por que não sou espírita? - Escola Mater Ecclesiae, Rio de Janeiro, RJ]

 

Ad Majorem Dei Gloriam,

EDGAR LEANDRO DA SILVA

P.S Este Artigo poderá ser Alterado.

domingo, 17 de abril de 2022

IGREJA: URBI ET ORBI MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO PÁSCOA DE 2022

 


Por Papa Francisco





Queridos irmãos e irmãs, Feliz Páscoa!

Jesus, o Crucificado, ressuscitou! Ele vem entre aqueles que choram dele, trancado em casa, cheio de medo e angústia. Ele vem até eles e diz: "A paz esteja com você!" (Jn 20:19). Ele mostra as feridas nas mãos e pés, a ferida ao seu lado: ele não é um fantasma, é precisamente Ele, o mesmo Jesus que morreu na cruz e estava na tumba. Diante dos olhares incrédulos dos discípulos, ele repete: "A paz esteja com você!" (ver 21).

Até nossos olhos são incrédulos nesta Páscoa de guerra. Muito sangue que vimos, muita violência. Nossos corações também estavam cheios de medo e angústia, enquanto muitos de nossos irmãos e irmãs tiveram que se fechar para dentro para se defender das bombas. Achamos difícil acreditar que Jesus está realmente ressuscitado, que ele realmente conquistou a morte. É uma ilusão? Uma invenção de nossa imaginação?

Não, não é uma ilusão! Hoje, mais do que nunca, a proclamação da Páscoa tão querida para o Oriente Cristão ressoa: "Cristo ressuscitou! Ele está realmente ressuscitado! Hoje mais do que nunca precisamos dele, no final de uma Quaresma que parece não querer acabar. Temos dois anos de pandemia atrás de nós, que deixaram marcas pesadas. Era hora de sair do túnel juntos, de mãos dadas, juntando nossas forças e recursos... E em vez disso estamos mostrando que em nós ainda não há o espírito de Jesus, ainda há o espírito de Caim, que olha para Abel não como um irmão, mas como um rival, e pensa em como eliminá-lo. Precisamos que o Crucificado e ressuscitado acredite na vitória do amor, que espere a reconciliação. Hoje mais do que nunca precisamos dele, que vem entre nós e nos diz novamente: "Paz esteja com você!".

Só ele pode fazer isso. Só ele tem o direito hoje de proclamar paz para nós. Só Jesus, porque ele usa as feridas, nossas feridas. Essas feridas de Sua são nossas duas vezes: nossas porque são adquiridas a ele por nós, por nossos pecados, por nossa dureza de coração, pelo ódio fratricida; e o nosso porque ele os carrega para nós, ele não os apagou de seu glorioso corpo, ele queria mantê-los em si mesmo para sempre. Eles são um selo indelével de seu amor por nós, uma intercessão perene para que o Pai celestial possa vê-los e ter misericórdia de nós e de todo o mundo. As feridas no Corpo de Jesus Ressuscitado são o sinal da luta que Ele lutou e ganhou por nós, com as armas do amor, para que possamos ter paz, estar em paz, viver em paz.

Olhando para essas gloriosas feridas, nossos olhos incrédulos se abrem, nossos corações endurecidos se abrem e deixam entrar a proclamação da Páscoa: "A paz esteja com você!".

Irmãos e irmãs, vamos permitir que a paz de Cristo entre em nossas vidas, em nossas casas, em nossos países!

Que a paz seja para a Ucrânia agredida, tão duramente tentada pela violência e destruição da guerra cruel e sem sentido para a qual foi arrastada. Nesta terrível noite de sofrimento e morte, que um novo amanhecer de esperança surja em breve! Escolha a paz. Pare de flexionar seus músculos enquanto as pessoas estão com dor. Por favor, por favor: não vamos nos acostumar com a guerra, vamos todos nos comprometer a clamar pela paz, das varandas e nas ruas! Paz! Que aqueles que têm a responsabilidade das nações ouçam o grito de paz do povo. Ouça essa pergunta perturbadora feita pelos cientistas há quase setenta anos: "Vamos acabar com a humanidade, ou a humanidade será capaz de renunciar à guerra?" (Manifesto Russell-Einstein, 9 de julho de 1955).

Carrego em meu coração todas as muitas vítimas ucranianas, os milhões de refugiados e deslocados internos, as famílias divididas, os idosos deixados sozinhos, as vidas quebradas e as cidades arrasadas. Tenho em meus olhos o olhar de crianças que ficaram órfãs e fugiram da guerra. Olhando para eles, não podemos deixar de sentir seu grito de dor, juntamente com o de muitas outras crianças que sofrem em todo o mundo: aqueles que morrem de fome ou falta de cuidado, aqueles que são vítimas de abuso e violência e aqueles que foram negados o direito de nascer.

Na dor da guerra também há sinais encorajadores, como as portas abertas de tantas famílias e comunidades que acolhem migrantes e refugiados em toda a Europa. Que esses muitos atos de caridade se tornem uma bênção para nossas sociedades, às vezes degradadas por tanto egoísmo e individualismo, e contribuam para torná-los acolhedores a todos.

Que o conflito na Europa também nos torne mais solícitos diante de outras situações de tensão, sofrimento e dor, que afetam muitas regiões do mundo e não podemos e não esqueceremos.

Que a paz seja para o Oriente Médio, dilacerada por anos de divisões e conflitos. Neste glorioso dia pedimos paz para Jerusalém e paz para aqueles que a amam (cf. Ps 121 [122]), cristãos, judeus, muçulmanos. Que israelenses, palestinos e todos os habitantes da Cidade Santa, juntamente com os peregrinos, experimentem a beleza da paz, vivam em fraternidade e acessem livremente os Lugares Sagrados com respeito mútuo pelos direitos de cada um.

Que a paz e a reconciliação sejam para os povos do Líbano, Síria e Iraque, e em particular para todas as comunidades cristãs que vivem no Oriente Médio.

Que a paz também seja para a Líbia, para que possa encontrar estabilidade após anos de tensões, e para o Iêmen, que sofre de um conflito esquecido por todos com vítimas contínuas: a trégua assinada nos últimos dias pode restaurar a esperança à população.

Pedimos ao Senhor Ressuscitado o dom da reconciliação para Mianmar, onde persiste um cenário dramático de ódio e violência, e para o Afeganistão, onde perigosas tensões sociais não estão sendo atenuadas e onde uma dramática crise humanitária está atormentando a população.

Que seja a paz para todo o continente africano, de modo que a exploração da qual é vítima e a hemorragia trazida por ataques terroristas – especialmente na área do Sahel – possam cessar e que encontrem apoio concreto na fraternidade dos povos. Que a Etiópia, aflita por uma grave crise humanitária, encontre o caminho do diálogo e da reconciliação, e cesse a violência na República Democrática do Congo. Que a oração e a solidariedade sejam expressas para o povo do leste da África do Sul, atingido por inundações devastadoras.

Que o Cristo Ressuscitado acompanhe e ajude os povos da América Latina, que em alguns casos viram suas condições sociais piorarem nesses tempos difíceis de pandemia, exacerbados também por casos de crime, violência, corrupção e tráfico de drogas.

Pedimos ao Senhor Ressuscitado que acompanhe o caminho da reconciliação que a Igreja Católica Canadense está seguindo com os povos indígenas. Que o Espírito do Cristo Ressuscitado cure as feridas do passado e dispondo corações em busca da verdade e da fraternidade.

Queridos irmãos e irmãs, toda guerra traz consigo consequências que envolvem toda a humanidade: do luto ao drama dos refugiados, à crise econômica e alimentar da qual já estamos vendo os sinais. Diante dos sinais duradouros da guerra, bem como com as muitas derrotas dolorosas da vida, Cristo, conquistador do pecado, do medo e da morte, exorta-nos a não nos rendermos ao mal e à violência. Irmãos e irmãs, vamos nos permitir ser superados pela paz de Cristo! A paz é possível, a paz é um dever, a paz é a responsabilidade primária de todos!

FONTE: "Urbi et Orbi" - Páscoa 2022 | Francisco (vatican.va)

domingo, 10 de abril de 2022

COMENTÁRIOS: A MULHER DEVE SER SUBMISSA AO MARIDO?



Por Edgar Leandro da Silva

Prezados Amigos e Amigas, Salve Maria.

 

Esta pergunta acima em nosso artigo,  existe porque na Carta de São Paulo aos Efésios, ensina o seguinte:

 

“As mulheres sejam submissas seus maridos, como ao Senhor; pois o marido é o chefe da mulher, como Cristo é o chefe da Igreja, seu corpo do qual é o Salvador. Ora, assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também o sejam em tudo as mulheres a seus maridos” (Ef 5,22-24)

 

E exatamente passagens como esta que acabam sendo usadas como “armas” contra o cristianismo, sobretudo pelas feministas mais radicais, que acreditam que o Cristianismo faz opressão á mulher.

 

Mas, qual é a interpretação desta passagem?

 

Se o cristianismo de fato promovesse de fato a opressão á mulher,como explicar que o cristianismo historicamente falando, foi a primeira religião que realmente deu dignidade á mulher? Porque enquanto todas as outras crenças tratavam á mulher como objeto, propriedade do “macho” o Cristianismo deu um papel de protagonista para a mulher seja dentro da familia e dentro da sociedade como verdadeiras líderes espirituais. Chegando a apresentar várias delas como doutoras da igreja e mestras da vida espiritual, como é o caso de Santa Hildegarda de Bingen, Santa Catarina de Siena e Santa Terezinha do Menino Jesus.

Salientando que esta submissão é no Senhor, não em aceitar injustiças ou desmandos do marido.

Ora, se é assim, talvez a sentença do Apostólo deva ser interpretada de forma diferente da que é feita comumente...

De fato, exorta São Paulo, no mesmo trecho trecho das Escrituras: “Sede Submissos uns aos outros, no temor de Cristo”(Ef 5,21). A Submissão, portanto, é mútua não pode haver dois ditadores como uma “luta de classes” mas por causa da relação entre Cristo e a Igreja, da qual o Matrimônio cristão é um sacramentum,  um sinal.

Assim, pois ambos os conselhos do Apostólo, tanto o que exorta á submissão da mulher quanto o que chama ao amor por parte do homem(Ef 5,25) Não devem ser entendidos em uma única direção.

Afinal, não são apenas os maridos quem devem amar as suas esposas, como estas devem amar aqueles; não são também, apenas as esposas quem devem se submeter aos seus cônjuges, como estes devem fazer do mesmo modo.

Logo é preciso entender que o termo “submissão” em Éfesios não possui o sentido negativo ao qual o termo atualmente nos remete. Não tem nada a ver com obediência irrestrita, servidão, inferioridade, opressão, desrespeito, abuso ou qualquer coisa do tipo. Salientando que esta submissão é no Senhor, não em aceitar injustiças ou desmandos do marido.

E quando acontece isso da parte do Marido com a sua esposa, Nesse caso, ele não tem condições mínimas de governar sua família, é óbvio, e quem deve chefiar é a esposa.


Em sua Encíclica Sobre o Casamento, o Papa PIO XI disse:

Essa sujeição de esposa para marido em seu grau e forma pode variar de acordo com as diferentes condições das pessoas, local e tempo. Na verdade, se o marido negligenciar seu dever, cabe à esposa tomar seu lugar na direção da família. Mas a estrutura da família e seu direito fundamental, estabelecido e confirmado por Deus, devem sempre e em todos os lugares serem mantidos intactos(CASTI CONNUBII,28)

A Igreja Católica quer fazer com que os casais se submetam reciprocamente, a partir do amor de Cristo.

No casamento e na Família as mulheres devem ser submissas aos homens, assim como os filhos devem ser submissos aos pais.

E este deve ser como os casais católicos vivem o santo matrimônio: abrindo a porta de casa como se a abre a porta do sacrário, amando o outro como se ama a Cristo. Nisso, não há nenhuma opressão, mas tão somente o amoroso projeto de Deus para o gênero humano.

Espero que este simples artigo, tenha ajudado sobretudo aos casais católicos, a entenderem melhor sobre esta questão de submissão.

 

Ad Majorem Dei Gloriam,

EDGAR LEANDRO DA SILVA

 

FONTES: A mulher deve ser submissa ao seu marido? (padrepauloricardo.org)

As mulheres devem ser submissas a seus maridos? O que diz a Igreja? - O Catequista

domingo, 3 de abril de 2022

VIDA DE SANTOS: SÃO JOÃO CRISÓSTOMO


São João Crisóstomo
Grande batalhador da Igreja no Oriente


Cognominado “Boca de Ouro”, pela força e beleza de sua eloqüência, com sua palavra desarmou os bárbaros, combateu o arianismo que infectava o Oriente e os desmandos da decadente Bizâncio

Por Plinio Maria Solimeo


João Crisóstomo nasceu em Antioquia por volta do ano 344, filho de Segundo, principal comandante das tropas do Império do Oriente. Sua mãe, Antusa, ficando viúva aos vinte anos, não quis contrair segundas núpcias, para dedicar-se inteiramente à educação de seus dois filhos e às boas obras.

Adolescente, João completou sua educação com o célebre filósofo Libânio. O progresso do aluno, cuja privilegiada inteligência começava a brilhar, fez o mestre, estando às portas da morte, exclamar: “Eu teria deixado esse rapaz à frente de minha escola, mas os cristãos m’o tomaram”.(1)João Crisóstomo nasceu em Antioquia por volta do ano 344, filho de Segundo, principal comandante das tropas do Império do Oriente. Sua mãe, Antusa, ficando viúva aos vinte anos, não quis contrair segundas núpcias, para dedicar-se inteiramente à educação de seus dois filhos e às boas obras.

Era ainda pagão quando iniciou sua vida de orador no Fórum. A elevação de sua linguagem, a força de suas expressões, a beleza de seu discurso levaram seus conterrâneos a compará-lo a Demóstenes, o famoso orador grego da Antiguidade.

São Basílio leva seu amigo à conversão


Aos 25 anos, quando sua fama já se firmara no Tribunal, por influência do amigo Basílio, que também chegaria à santidade, converteu-se ao cristianismo: “Esse bem-aventurado servidor de Jesus Cristo resolveu abraçar a verdadeira filosofia do Evangelho, a vida monástica. Então, o equilíbrio entre nós dois foi inteiramente rompido. O prato de sua balança elevou-se ligeiro para o céu; o prato da minha, todo carregado de paixões mundanas e dos ardores da juventude, recaía pesadamente para a terra”.(2) João recebeu o batismo das mãos de São Melécio, bispo de Antioquia.

          Após a conversão, resolveu abraçar a carreira eclesiástica. Tornado clérigo, João, a quem já chamavam de Crisóstomo (Boca de Ouro), renunciou completamente a fazer carreira no mundo e começou o árduo trabalho de vencer o império de suas paixões. Para combater a vanglória, começou a praticar a humildade. Para ter domínio sobre si, passou a domar seu corpo, limitando o sono a três ou quatro horas e a alimentação a uma só refeição por dia, abstendo-se de carne. Sua vitória sobre o temperamento fogoso foi tão completa, que seus biógrafos o descrevem como dotado de grande doçura e amável modéstia, além de caridade terna e compadecida para com o próximo.

           Passaram-se quatro anos sem que Crisóstomo recebesse a ordenação sacerdotal. Nesse meio tempo, ouviu rumores de que estavam pensando nele e em seu amigo Basílio para o episcopado. Crisóstomo, conhecendo perfeitamente seu amigo, sabia o quanto era digno do episcopado. Por isso não lhe comunicou que fugiria, o que fez. Nesse ínterim, São Basílio recebeu a sagração episcopal.


Monge e anacoreta, aprendeu a Bíblia de cor

          


Passado algum tempo, dando-se conta os monges do tesouro que tinham, escolheram Crisóstomo para seu Superior. Quando tomou conhecimento dessa decisão, fugiu, indo viver como anacoreta em lugar mais inacessível.
Na solidão, aprendeu as Sagradas Escrituras de memória.Para evitar o episcopado, e uma vez que sua mãe tinha falecido, Crisóstomo resolveu fugir para o deserto. Admitido em um dos mosteiros do Monte Casius, entregou-se com grande valentia à vida de perfeição.

           Dois anos depois, por ter sua saúde se deteriorado, teve que abandonar o deserto e voltou para Antioquia. Nesse meio tempo a paz havia voltado para a Igreja, com a morte do Imperador ariano Valente e ascensão do piedoso Teodósio.

           João Crisóstomo foi ordenado diácono, dedicando-se novamente ao apostolado da palavra. Cinco anos mais tarde, São Flaviano, que havia sucedido a São Melécio na Sé de Antioquia, conferiu-lhe o sacerdócio.


As “homilias sobre as estátuas”


          Em 387 o imperador Teodósio estabeleceu novo imposto para a cidade de Antioquia. O povo se revoltou, arrancou sua estátua e a de sua mulher e filhos, que arrastou pelas ruas; perseguiu os funcionários do fisco e se entregou a outros excessos. Quando a calma voltou, a população se deu conta do que fizera, e o temor foi geral. Todos sabiam que o imperador Teodósio era bom, mas terrível nos seus primeiros impulsos. O que faria com a cidade prevaricadora?

           São Flaviano dirigiu-se à cidade imperial a fim de pedir clemência para seus diocesanos, e Crisóstomo ficou à testa da diocese. Empenhou-se em acalmar o povo e fazê-lo aceitar o possível castigo. Nos 20 dias seguintes, pregou uma série de sermões excepcionais, chamados depois de “homilias das estátuas”, cada um mais persuasivo que o outro, que formam um monumento de erudição e eloqüência.

           Por fim, veio a notícia de que o Imperador, por amor a Deus e atendendo à suplica do Arcebispo santo, perdoava Antioquia.

Arcebispo de Constantinopla e Patriarca do Oriente

         


          Em 397 vagou a Sé de Constantinopla. O clero e o povo, que já conheciam sua fama, o elegeram para bispo do lugar. O novo imperador Arcádio aprovou a escolha. Como fazer para que o candidato aceitasse o fato? Utilizaram um estratagema: o prefeito de Antioquia o convidou para um passeio, para tratar de vários assuntos. Quando estavam fora da cidade, o prefeito cedeu seu lugar de condutor da carruagem a um enviado do Imperador. Fustigando os cavalos, este o levou para a capital do Império. Lá já estava reunido um grupo de bispos, que sagrou
Boca de Ouro como Arcebispo de Constantinopla e Patriarca do Oriente.João Crisóstomo passou 12 anos em Antioquia, exercendo o múnus pastoral como o modelo mais acabado de sacerdote.

          Começava para o novo Prelado uma etapa na qual deveria enfrentar os desmandos da corte imperial, toda sorte de injustiças, um clero e um povo decadentes.

          Empenhou-se em primeiro lugar na reforma do Clero, admoestando, corrigindo, suplicando e, quando não havia outro jeito, expulsando os maus padres da Igreja.

          Havia tal sofreguidão para ouvir o santo arcebispo, que uns atropelavam os outros. Ele teve que colocar seu púlpito no meio da igreja, para ser ouvido por todos.

          Aos poucos a piedade voltou a florescer em Constantinopla, e muitas almas atingiram alto grau de perfeição.

          João Crisóstomo reorganizou uma pia associação de viúvas e virgens consagradas, pondo-as sob a direção de Santa Olímpia, viúva aos 23 anos, que passou, com sua fortuna, a secundá-lo em todas as pias obras.


O povo prevarica apesar dos castigos


         No mês de abril de 399, um temporal ininterrupto tudo inundava, ameaçando as plantações e a conseqüente falta de alimentos. João Crisóstomo ordenou uma procissão rogativa até a igreja de São Pedro e São Paulo, do outro lado do Bósforo, e a chuva cessou.

          No dia seguinte, Sexta-Feira Santa, houve corrida de cavalos no hipódromo local, com grande concurso de povo, que não respeitou nem o castigo recente nem a santidade desse dia. A indignação do santo arcebispo subiu ao auge: “Como, daqui para a frente, apaziguar o castigo celeste? Ainda não passaram três dias da grande chuva que, levando tudo consigo e tirando o pão da boca do agricultor, vos levou a recorrer às súplicas e às procissões”.

         No ano seguinte, um terrível tremor de terra destruiu um terço da capital. O mar inundou a parte da cidade chamada Calcedônia e os quarteirões baixos. Grande parte da população fugiu. Os aproveitadores lançaram-se ao saque das casas vazias. Em meio ao pânico universal, só o Patriarca permaneceu em seu posto. Increpando os assaltantes, fê-los entregar-lhe o produto do roubo, do qual se constituiu guardião. Quando a normalidade voltou, mostrou seu desvelo pela propriedade privada, devolvendo tudo aos seus legítimos donos.

          Mal tinha passado um mês, quando um novo circo foi inaugurado com imenso concurso e aplausos frenéticos de um povo inconstante. João Crisóstomo subiu ao púlpito: “Trinta dias apenas são passados depois de nossas desgraças, depois dessa terrível catástrofe, e eis que voltais às vossas loucuras! Como vos justificar? Como vos perdoar?”


Os cruéis desterros e a santa morte

          

Quando a população soube disso, fez tão grandes manifestações diante do palácio imperial, que a Imperatriz, temendo por sua vida, pediu a volta do Patriarca. Pouco depois, porém, conseguiu novamente seu exílio.A imperatriz Eudóxia, tendo-se entregue ao vício da avareza, infringiu a justiça apropriando-se indevidamente de propriedades de outrem. As vítimas recorreram ao Arcebispo, que a chamou paternalmente à razão. Mas ela, dando-se por ofendida, obteve do Primaz ariano de Alexandria que convocasse um concílio.     Com os seus correligionários, condenou João Crisóstomo como indigno do episcopado, obtendo seu desterro.

Aos dois soldados que acompanhavam João Crisóstomo ao degredo, foi prometida promoção se, por meio de maus tratos, o fizessem morrer no caminho. Foi o que aconteceu em setembro de 407, quando o Santo caiu exausto e expirou, confortado com a Sagrada Comunhão.

 

FONTE:catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=6169CEA7-D76A-0BF7-F7817220CFC95133&mes=Setembro2005