domingo, 24 de setembro de 2023

SAGRADA ESCRITURA: A IGREJA CATÓLICA PROIBIU A LEITURA BÍBLICA?

 



Prezados Amigos e Amigas, Salve Maria!

 

E Hoje para encerrar este mês dedicado á Sagrada Escritura, vamos rentender sobre esta Falsa História da Igreja Católica ter proibido alguma vez, o Leitura do Livro Sagrado, a pedido de Nossa Amiga e Irmã Luciclecia.


Os protestantes serviram-se de um suposto impedimento da leitura do Texto-Sacro para advogar o Livre-Exame da Bíblia. Mas... alguma vez a Igreja romana proibiu a leitura do Texto Sacro? Abaixo, apresento trechos de um estudo de Dom Estevão Bittencourt nos ilustra profusamente a respeito do tema.


Até o século XVI

Por toda a Antigüidade o Livro Sagrado era recomendado à leitura dos cristãos. São Jerônimo (+420) é um dos mestres que melhor representam esta atitude pastoral, escrevendo a Eustóquio, filha de Santa Paula:

"Lê com freqüência e aprende o melhor que possas. Que o sono te encontre com o livro nas mãos e que a página sagrada acolha o teu rosto vencido pelo sono" (PL 22,404).


Na Idade Média apareceram correntes dualistas e heréticas que se valiam da Bíblia para apoiar suas concepções errôneas. Tal foi, por exemplo, o caso dos cátaros, avessos à matéria como se esta fosse, por si mesma, má. Em conseqüência, o Concílio de Tolosa (França) em 1229 proibiu o uso de traduções vernáculas da Bíblia. Esta disposição foi retirada pelo Concílio de Tarragona (Espanha) em 1233. A mesma proibição aparece num decreto do rei Jaime I da Espanha em 1235: "Ninguém possua em vernáculo os livros do Antigo e do Novo Testamento".


No século anterior, os Valdenses (de Pedro Valdo, Pierre de Vaux) apoiavam-se na Bíblia traduzida para o provençal a fim de negar o purgatório, o culto dos Santos, o serviço militar, o juramento...; só admitiam os sacramentos do Batismo, da Penitência e da Eucaristia. (...)


Eis por que o Concílio de Trento (1543-65) tomou medidas que preservassem os fiéis católicos dos males acarretados pelas proposições dos reformadores; assim:


Declarou autêntica (isenta de erros teológicos) a Vulgata latina, tradução devida a São Jerônimo (+420) e muito difundida entre os cristãos. Assim se dissiparia a confusão existente entre clérigos e leigos, que, em meio a múltiplas traduções, já não sabiam encontrar a pura mensagem bíblica. O Concílio não quis afirmar que a tradução da Vulgata é lingüisticamente perfeita, mas tomou uma providência necessária no século XVI;


Rejeitou o princípio do livre exame da Bíblia. Esta só pode ser entendida se iluminada por instâncias objetivas, especialmente pela Tradição, que o magistério da Igreja formula com a assistência do Espírito Santo;


Proibiu edições da Bíblia sem o nome do autor responsável pela edição. Proibiu também a difusão do texto bíblico sem a autorização do Bispo diocesano;


Estimulou o reflorescimento dos estudos bíblicos nos colégios, conventos e mosteiros.


O Concílio de Trento definiu mais uma vez o Cânon Bíblico incluindo o deuterocanônicos (Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico, I e II Macabeus), como já o tinham feito os Concílios do século IV. A prova de que o Concílio nada inovou é que o próprio Lutero traduziu os deuterocanônicos para o alemão; com efeito, na sua edição da Bíblia datada de 1534 encontra-se o texto dos sete deuterocanônicos, assim como os fragmentos de Ester 10,4-16,24, de Daniel 3,24-90; 13,1-14,42 e ainda a "Oração de Manasses" (Oração que a Tradição cristã não incluiu no seu cânon). A persistência desses livros nas edições protestantes bem mostra que não foi o Concílio de Trento que os introduziu no catálogo bíblico, mas Lutero e a Tradição protestante os receberam na Tradição cristã medieval e antiga ou mesmo dos judeus de Alexandria. Foi somente no século XIX que as Sociedades Bíblicas protestantes deixaram de incluir nos seus exemplares da Bíblia os livros deuterocanônicos. (...)


No século XX

Em 1920, o Papa Bento XV quis comemorar o 15º centenário da morte de São Jerônimo publicando a encíclica Spiritus Paraclitus, na qual escreveu:


"Pelo que Nos toca, Veneráveis Irmãos, à imitação de São Jerônimo jamais deixaremos de exortar todos os fiéis cristãos a que leiam todos os dias principalmente os Santos Evangelhos de Nosso Senhor, os Atos e as epístolas dos Apóstolos, tratando de convertê-los em seiva do seu espírito e em sangue de suas veias" (Enquirídio Bíblico nº 477).


Quanto às disposições para bem aproveitar a leitura bíblica, o Pontífice as resumia nestes termos:


"Todo aquele que se aproxima da Bíblia com espírito piedoso, fé firme, ânimo humilde e sincero desejo de aproveitar, nela encontrará e poderá degustar o pão que desce dos céus".


A atitude de Bento XV representava algo de novo na Igreja posterior ao Concílio de Trento, mas estava na linha de conduta pastoral do Papa anterior, São Pio X. Pouco mais de dois decênios decorridos, o Papa Pio XII, na sua encíclica Divino Afflante Spiritu, recomendava por sua vez a difusão da Bíblia entre os fiéis:


"Os prelados favoreçam e prestem ajuda às piedosas associações cuja finalidade é difundir entre os fiéis os exemplares das Sagradas Letras, principalmente dos Evangelhos, e procurem que nas famílias cristãs se faça ordenada e santamente a leitura diária das mesmas; recomendem eficazmente a Santa Escritura traduzida para as línguas vernáculas com a aprovação da Igreja"


A orientação dos Pontífices foi assumida pelo Concílio do Vaticano II (1962-65), especialmente em sua Constituição Dei Verbum, c.6, que trata da Sagrada Escritura na vida da Igreja: um forte estímulo aí é dado à frequentação cotidiana da Escritura por parte dos fiéis, como também à difusão do texto sagrado em línguas vernáculas:


"Este Sagrado Concílio exorta com ardor e insistência todos os fiéis, mormente os Religiosos, a que aprendam a eminente ciência de Jesus Cristo (Filipenses 3,8) mediante a leitura freqüente das Divinas Escrituras, porque a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo. Debrucem-se, pois, gostosamente sobre o texto sagrado, quer através da Sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer pela leitura espiritual, quer por outros meios que se vão espalhando..., com a aprovação e o estímulo dos pastores da Igreja. Lembrem-se, porém, de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada da oração, para que seja possível o colóquio entre Deus e o homem; com Ele falamos quando rezamos; a Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos.


Compete aos sagrados pastores, depositários da doutrina apostólica, instruir oportunamente os fiéis que lhes foram confiados, no reto uso dos livros divinos, de modo particular do Novo Testamento, e sobretudo nos Evangelhos. E isto por meio de traduções dos textos sagrados, que devem ser acompanhados de notas necessárias e verdadeiramente suficientes para que os filhos da Igreja se familiarizem de modo seguro e útil com a Sagrada Escritura e se embebam do seu Espírito" (nº 25).


Com se vê, não poderia ser mais favorável ao uso da Sagrada Escritura a atitude da Igreja contemporânea. As palavras de São Jerônimo (+420) tornaram-se norma da autoridade eclesiástica. As restrições foram impostas não ao texto latino, mas às traduções vernáculas, em virtude de fatores contingentes; a Igreja, como Mãe e Mestra, sente o dever de zelar pela conservação incólume da fé a Ela entregue por Cristo e ameaçada pelas interpretações pessoais de inovadores da pregação; eis por que lhe pareceu oportuno reservar o uso da Bíblia a pessoas de sólida formação cristã nos séculos em que as heresias pretendiam apoiar no texto sagrado as suas proposições perturbadoras.


É, pois, para desejar que os estudiosos entendam os porquês da atitude da Igreja no século XVI-XIX e hoje se sintam convidados a difundir a Sagrada Escritura em comunhão com a Igreja e a Santa Tradição.


Está, portanto, claro que a Igreja nunca proibiu a leitura dos livros sagrados. O que ela teve sempre foi o cuidado, o zelo em garantir que a interpretação das Sagradas Escrituras fosse feita dentro do espirito com que seu autor a inspirou. Por isso é que o Papa Emérito Bento XVI frisava sempre que a Igreja Católica Apostólica Romana não é a religião de um livro, mas de uma pessoa: JESUS CRISTO, o qual continua vivo na sua Igreja, nos seus santos ao longo dos séculos e é esta Igreja que tem a missão de interpretar a Bíblia.

 

Espero ter ajudado,

Ad Majorem Dei Gloriam,

EDGAR LEANDRO DA SILVA

FONTE: A Igreja Católica proibiu a leitura da Bíblia? - Veritatis Splendor

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

IGREJA: Bispo de Caruaru pede a padres que "não deem a comunhão a quem apoia o aborto”

 





Reverendos padres, vos digo como pai e pastor, não deem a comunhão a quem apoia o aborto! Não deem! São cúmplices de assassinato. Ó Maria, pelas dores que sofrestes na morte de Jesus, tende piedade do povo brasileiro que padece e sofre”, enfatizou o bispo de Caruaru, dom José Ruy Gonçalves Lopes ontem (15), na solenidade de Nossa Senhora das Dores, padroeira de Caruaru (PE).


O bispo de Caruaru falava sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, que pretende a descriminalizar o aborto até a 12ª semana de gestação que foi liberada para julgamento essa semana pela relatora da ação, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber.


 ADPF 442 tramita no STF desde 2017, a pedido do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) em conjunto com a Anis - Instituto de Bioética, que se define como “organização não-governamental feminista, antirracista e anticapacitista, que luta para promover políticas baseadas no cuidado, na interdependência e na reparação de violação de direitos para a vida plena de todas as pessoas, tendo a justiça reprodutiva como seu eixo principal”. Mesmo a ação sendo liberada para julgamento por Weber, ainda não tem data para ser analisada e julgada.


Ainda durante a celebração, dom José Ruy comentava sobre os “sofrimentos” que os “corações amorosos de Jesus e de Maria" experimentaram “quando chegou o momento, em que o filho antes de morrer, teve que despedir de sua mãe”. E afirmou: “ó Rainha das Dores, as recordações de um filho amado que morre são muito queridas e não saem nunca de uma memória de uma mãe”.


Ele também disse que para “cada dor existe um nome”, mas a dor “de uma mãe que perde um filho não tem nome”, pois “é a dor mais cruel no coração de uma mãe” e  pediu a Nossa Senhora que recordasse “das milhões de crianças que serão assassinadas pelo aborto que poderá entrar em vigor no Brasil, caso seja aprovado pelo Supremo Tribunal Federal nestes próximos dias”.


“Não permita a mãe, que tal tragédia, que tal genocídio aconteça”, clamou o bispo.


FONTE: Bispo de Caruaru pede a padres que "não deem a comunhão a quem apoia o aborto” (acidigital.com)

domingo, 17 de setembro de 2023

SAGRADA ESCRITURA: INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA

 




Prezados Irmãos e Irmãs, Salve Maria.

 

Dando continuação, a este mês dedicado á Sagrada Escritura, hoje, iremos estudar a respeito da Interpretação da Bíblia Sagrada.

Ensina o Magistério da Igreja:

"O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo", isto é, foi confiado aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma. "Todavia, tal Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas a serviço dela, não ensinando senão o que foi transmitido, no sentido de que, por mandato divino, com a assistência do Espírito Santo, piamente ausculta aquela palavra, santamente a guarda e fielmente a expõe, e deste único depósito de fé tira o que nos propõe para ser crido como divinamente revelado." Os fiéis, lembrando-se da palavra de Cristo a seus apóstolos: "Quem vos ouve a mim ouve" (Lc 10,16), recebem com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que seus Pastores lhes dão sob diferentes formas”. (Catecismo da Igreja Católica § 85-87). 

A Igreja Católica não diz que você não pode interpretar a Bíblia. Ademais, se você a estiver lendo e entender alguma coisa, você poderá interpretá-la.

O que se rejeita é a idéia de que o crente, individualmente, possa interpretar a Bíblia autoritativamente e definitivamente para si mesmo ou para outros. Em outras palavras: os indivíduos cristãos não podem afirmar que os seus seguidores e a Igreja como um todo devem se submeter à sua própria compreensão pessoal da Sagrada Escritura. A tarefa de interpretar a Bíblia autoritativamente cabe ao Magistério da Igreja: o Papa e os bispos que ensinam em união com ele.

Mas ao mesmo tempo,se não há autoridade além da Bíblia (como estabelece o princípio Sola Scriptura), e se cada um pode estudar a Escritura Sagrada e tirar as suas próprias conclusões à luz do Espírito Santo (?), quem está certo, afinal? Os evangélicos pentecostais, os neopentecostais ou os tradicionais? Os protestantes conservadores ou os progressistas? Os adeptos da neortodoxia, da teologia liberal ou do open theism? Os luteranos, os calvinistas ou os batistas (para citar apenas três das maiores denominações protestantes)? Quem, dentro do protestantismo, pode dizer quem está certo e quem está errado? Percebe como a “balbúrdia teológica” dentro do protestantismo é algo inevitável e insanável?

A Igreja já definiu oficialmente a interpretação para diversas passagens da Escritura, mas a maioria das pessoas, católicas ou não, não se apercebem disso. Dentre as que o fazem, até mesmo um Católico bem informado não costuma ser capaz de dizer que passagens foram autoritativamente interpretadas ou quais foram tais interpretações.

O que se segue é uma série de interpretações autoritativas que a Igreja faz da Escritura, retiradas da obra de Heinrich Denzinger, Fontes do Dogma Católico, nºs 789, 858, 874, 913, 926, 949, 1822. Deve-se ter em mente que a palavra “anátema” não quer dizer “condenado ao inferno”, e sim “formalmente excomungado”, e é usada em afirmações explícitas do que a Igreja rejeita mais veementemente. Deve-se também lembrar que as interpretações autoritativas dessas passagens não excluem a possibilidade de interpretações adicionais e não-contraditórias. Significa somente que os trechos em referência certamente carregam os significados definidos. Alguns perguntam, também, porque a Igreja não define formalmente o significado e interpretação de cada linha da Escritura. A Igreja ensina o necessário para que compreendamos– ela diz o que precisa ser dito, nem uma palavra a mais do que o necessário. Da mesma forma que é necessária uma eternidade para perscrutar os profundos mistérios de Deus, também seria preciso uma eternidade para perscrutar os mistérios de Sua Palavra. Essas passagens foram definidas contra heresias perniciosas. Toda heresia é originada em uma interpretação errônea de alguma dessas passagens ou de combinação delas.

O  episódio do Eunuco da Rainha Candace da Etiópia, mostra claramente que a Sagrada Escritura não é de livre interpretação, sobretudo em matéria de fé. Felipe explica-lhe a Escritura e apresenta-lhe o Cristo: “Começou então Filipe a falar, e, principiando por essa passagem da Escritura, anunciou-lhe Jesus.” (Atos 8,35).

O próprio Jesus Cristo já havia mostrado a necessidade de uma autoridade para explicar as escrituras, no episódio dos discípulos de Emaús:

“Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória? E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras.” (Lc 24,26-27).

Também São Pedro exorta que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular (pessoal), e alude à dificuldade de compreender certas passagens da Escritura, o que denota a necessidade de uma autoridade que expresse sem erro a verdade que a Escritura revela:

 “Reconhecei que a longa paciência de nosso Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado. É o que ele faz em todas as suas cartas, nas quais fala nestes assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras. (II Pd 3,15-16).

Outro exemplo claríssimo da necessidade de uma autoridade apostólica para ensinar ou interpretar a Sagrada Escritura está na exortação de São Paulo à comunidade de Tessalônica. São Paulo pede-lhes que tomem cuidado com carta ou pretensa revelação imputada a ele, alertando-os para guardarem os ensinamentos autênticos que dele receberam por carta (Bíblia) ou oralmente (Tradição Apostólica):

“(...) não vos deixeis facilmente perturbar o espírito e alarmar-vos, nem por alguma pretensa revelação nem por palavra ou carta tidas como procedentes de nós” (II Tess 2,2).

“Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa”. (II Tess 2,15).

 

“Roma locuta, causa finita est”

 

EDGAR  LEANDRO DA SILVA

 

OBS: Os Grifos São Meus

domingo, 10 de setembro de 2023

SAGRADA ESCRITURA: HISTÓRIA E FORMAÇÃO DA BÍBLIA PELA IGREJA CATÓLICA-2ª PARTE

 



Prezados Irmãos e Irmãs, Salve Maria.

 

Dando continuação, a este mês dedicado á Sagrada Escritura, hoje, iremos estudar a segunda parte da História e Formação da Bíblia Pela Igreja Católica. Assunto este que foi questionado pela Nossa Amiga e Irmã Luciclecia.

 

No século IV, a Igreja se reuniu em Concilio em Nicéia, e uma das tarefas era organizar o "cânon", ou a lista de livros sagrados considerados autênticos. Neste concilio, os livros foram estudados e se investigou quais os que sempre foram lidos nos cultos e sempre foram considerados legítimos. E se estabeleceu a ordem ainda hoje conservada. O motivo pelo qual alguns livros foram postos em dúvida era a grande quantidade de livros apócrifos, que fazia com que se duvidasse dos verdadeiros. Havia muitos livros que os judeus não aceitavam. Então os Ss. Padres ponderaram os prós e contras e definiram a lista que foi aprovada.

A Bíblia foi escrita em três línguas diferentes: hebraico, aramaico e o grego.

O Novo Testamento inteiro foi escrito em grego (...); quanto ao Antigo Testamento, temos três idiomas originais. A maior parte foi escrita e chegou até nós em língua hebraica.

A primeira grande tradução da Bíblia foi feita por São Jerônimo, do grego para o latim, por solicitação do Papa Dâmaso, em 382. Essa tradução chamou-se de “Vulgata Latina”. Foi terminada por volta do ano 405, chegando a ser de uso universal. Atualmente, a Bíblia é traduzida em quase todas as línguas do mundo. É considerado o livro mais conhecido, mais lido e estudado. Por sinal, as cópias mais antigas da Bíblia se encontram na Biblioteca Vaticana, código Vaticano B-03, e no Museu Britânico, código Sinaítico S-01.

No passado os cristãos tinham muita dúvida quanto à inspiração divina de muitos dos livros da Sagrada Escritura. A dúvida acabou quando a Igreja Católica Apostólica Romana em 08 de outubro de 393, durante o Concílio Ecumênico de Hipona, definiu o católogo sagrado ou catálogo canônico. Este catálogo também foi confirmado por Concílios posteriores como os Concílios de Cartago III (397 DC), Cartago IV (419 DC), Florença (1438-1445 DC) , etc.

Ad Majorem Dei Gloriam,

EDGAR LEANDRO DA SILVA

FONTE: Origem e formação da Bíblia - Veritatis Splendor

OBS: ESTE TEXTO PODERÁ SER ALTERADO

domingo, 3 de setembro de 2023

SAGRADA ESCRITURA: HISTÓRIA E FORMAÇÃO DA BÍBLIA PELA IGREJA CATÓLICA-1ª PARTE



Prezados Irmãos e Irmãs, Salve Maria.

Neste mês dedicado a Sagrada Escritura, o Nosso Apostolado Defesa Católica, estará aqui em Nosso Blog, como em nossas redes sociais, comentando a respeito do Livro Sagrado. E para começar, nada melhor do que comentarmos a respeito da História e da Formação da Bíblia Sagrada pela Igreja Católica, como foi questionado pela Nossa Amiga de Qualidade, Luciclecia.

E como o assunto, é um pouco longo, iremos dividir esta resposta, em duas partes.  Vale a pena conferir!

 

O período histórico da formação da Bíblia situa-se entre 1100 a. C. ou 1200 a. C. a 100 d. C. Provavelmente, a mais antiga parte escrita da Bíblia é o Cântico de Débora, que se encontra no livro dos Juízes (Jz, 5).

Quando os hebreus chegaram a Canaã, já havia na terra um certo desenvolvimento literário, como por exemplo, o alfabeto fenício (do qual se derivou o hebraico), que já existia no século XIV a. C. Os judeus chegaram lá por volta do século XIII a.C. Outro documento desta época é o calendário de Gezér, que data mais ou menos do ano 1000 a.C. É uma indicação de datas para uso dos agricultores. É o documento mais antigo encontrado na Palestina. Outro documento também muito antigo é o sarcófago do Rei Airam, que contém uma inscrição e foi encontrado nos séculos XIV ou XV a. C., em Biblos. Há ainda umas tabuletas encontradas em Ugarit (em 1929), onde estão escritos uns poemas semelhantes aos salmos, datando dos séculos XIV ou XV a. C.

Além destes, há outros documentos provando que já havia uma escrita na Palestina, antes dos hebreus chegarem lá. A inscrição do túmulo de Siloé (700 a. C.), explicando como foi feito; os "óstracon", de Samaria, onde há uma espécie de carta diplomática, são documentos que provam a continuidade de uma atividade literária. Em Juizes 8,14, o autor descreve um acontecimento ocorrido mais ou menos em 1100 a.C. E em que língua foi escrito este fato pela primeira vez, na época em que aconteceu? Provavelmente no alfabeto fenício (pré-hebraico).

 

 A tradição oral e a tradição escrita

 

A parte mais antiga da Bíblia remonta justamente deste tempo (1100 a.C.), quando a escrita ainda não estava bem definida, e é oral. Desde este tempo já se fora criando uma tradição, que existia oralmente e era transmitida aos novos pelos mais velhos nas reuniões que havia nos santuários. Por este tempo, só eram relatados os acontecimentos do deserto, do Sinai, da aliança de Deus com o povo. Mas os jovens queriam saber o que havia acontecido antes disto. Então foram sendo compostas as histórias dos Patriarcas. Mas, e antes deles, antes de Abraão? Passaram à história da criação do mundo. Por isso, se afirma que a parte mais antiga da Bíblia é o Cântico de Débora, no livro dos Juizes. A partir daí, fez-se um retrospecto didático-histórico.

Estas histórias iam sendo passadas oralmente de pai a filho, nos santuários. Acontece que nem todos iam para os mesmos santuários, o que motivou a existência de pequenas diferenças na catequese do norte e na do sul. A tradição do sul foi chamada de JAVISTA (J), pois Deus era tratado sempre por Javé; a do norte se chamou ELOISTA (E), porque Deus era tratado como Eloi.

A tradição oral existiu até os tempos de Daví, quando foi escrita a tradição javista; meio século depois, foi escrita também a eloista. Por volta de 721 a.C., na época, da divisão dos reinos, quando Samaria foi destruída pelos assírios, muitos sacerdotes do norte fugiram para o sul e levaram consigo a sua tradição. A partir de então, as duas foram compiladas num só escrito.

Falamos das duas tradições: uma do norte e outra do sul. Mas não existiam apenas estas duas, que são as principais. Há ainda a DEUTERONOMICA (D), encontrada casualmente em 622 a. C. por pedreiros, que trabalhavam num templo. Corresponde ao livro Deuteronômio da Bíblia atual. Após esta, surgiu a SACERDOTAL (P), nova compilação das catequeses antigas de Israel, datada do século VI a.C. Ao fim, estas quatro tradições foram combinadas entre si e compiladas em 5 volumes, dando origem ao Pentateuco da Bíblia atual. Na tradição Javista, Deus é antropomórfico. Na Sacerdotal, Deus é poderoso, está acima do tempo, o que significa um progresso no conceito de Deus que o povo tinha. A redação do Pentateuco se deu pelo ano 398 a.C. e compreendia a primeira parte da Bíblia judaica.

A partir de Josué, a tradição continuou oral, para ser escrita somente por volta de 550 a.C. E foram escritas do modo como o povo contava. Por isso não se pode dar a mesma importância histórica aos fatos descritos nestes livros em relação a outros posteriores, pois alguns fatos narrados foram baseados na tradição popular, enquanto que outros foram baseados em documentos de arquivos (anais do Reino). Este é um grande desafio para os estudiosos e também uma fonte de divergências.

3. Os Intérpretes - Profetas e Sábios

Durante muito tempo, os profetas foram os orientadores do povo de Deus. Os livros proféticos resumem os seus ensinamentos, e na sua maioria foram escritos só mais tarde, por seus seguidores. Somente por volta do ano 200 a.C. é que foram redigidos os livros proféticos. Os livros Sapienciais foram o resultado de um estilo literário que esteve em moda durante muito tempo, na época posterior ao exílio. São umas reflexões humanistico-religiosas. Passados os profetas, surgiram os sábios que raciocinavam sobre as coisas da natureza, tirando delas ensinamentos para a vida. Foram acrescentados aos livros sagrados nos últimos séculos a.C., sendo os mais recentes livros do AT.

4. A nova tradição da era cristã

O NT não foi escrito com a finalidade de ser acrescentado à Bíblia. No tempo de Cristo e dos Apóstolos, o livro sagrado era apenas o AT. O próprio Jesus Cristo se baseava nele em suas pregações. E Ele mandou apenas pregar, e não escrever. Foi quando uma nova tradição oral foi se formando. E após a morte de Cristo, os apóstolos saíram pregando.

Mas veio a necessidade de congregar outras pessoas para o anúncio, em vista do grande número de comunidades existentes. Então, começaram a escrever. Mais tarde, com a aceitação também de cidadãos estrangeiros nas comunidades, a mensagem precisou ser traduzida e adaptada. Além disso, o próprio povo necessitava de uma escrita (doutrina escrita) para se conservar una, após a morte dos Apóstolos. Esta redação, no início, era apenas de alguns escritos esparsos, que só depois de algum tempo foram juntos em livros. Exemplo disso está em Mc 2, uma série de disputas de JC com os Judeus, onde se vê claramente que foi recolhida de escritos separados.

Também em João se lê: "Muitas outras coisas Jesus fez que não foram escritas..." (Jo 21,24) Isto significa que só foram escritas aquelas mensagens que teriam utilidade, conforme as necessidades momentâneas.

O evangelho de Marcos, o primeiro a ser escrito, data dos anos 60 ou 70 d.C.; os de Lucas e Mateus, são de 70 ou 80, o que significa que somente após uns 40 anos da morte de Jesus Cristo, sua palavra começou a ser escrita. 0 Evangelho de João só foi escrito em torno do ano 100 d.C. Antigamente, se acreditava ser Mateus o autor do primeiro Evangelho. Mas a critica histórica mostra que o de Marcos foi anterior. Aliás, a respeito deste evangelho de Mateus, não se sabe ao certo quem é o seu autor. Foi atribuído a Mateus, apenas por uma tradição e também por uma praxe da época de se atribuir um escrito a alguém mais conhecido e famoso, para que a obra tivesse mais autoridade.

5. Entendendo algumas dificuldades concretas

Durante o tempo anterior á escrita dos Evangelhos, havia apenas a pregação dos Apóstolos, recordando os fatos da vida de Cristo, todavia eram fatos esparsos, sem nenhuma preocupação com seqüência ou unidade. Por isso os Evangelhos, que foram esta pregação escrita, se contradizem em algumas datas, o que mostra a pouca importância dada à cronologia. Os fatos eram recordados e aplicados, conforme as necessidades. Assim, até entre os Evangelhos sinóticos, que seguiram a mesma fonte, há diversificações. Por exemplo, no Sermão da Montanha, em Lucas fala "bem aventurados os pobres"; e em Mateus, "bem aventurados os pobres de espírito". A diferença consiste no seguinte: Lucas deu um sentido social, mais importante para as comunidades gregas, para as quais escrevia. Mas o de Mateus destinava-se às comunidades judias e queria combater uma doutrina dos judeus que tinham uma idéia falsa de pobreza. Para eles, o próprio fato de a pessoa ser pobre, já lhe garantia a salvação, enquanto outra pessoa, pelo simples fato de ser rica, já estava condenada. Por causa disso ele escreveu "pobres de espírito".

Outro ponto de discordância é o caso da cura de um cego. Mateus diz "um cego, na saída de Jericó"; e Lucas "dois cegos, na entrada de Jericó". 0 fato da 'entrada' e 'saída' pode ser explicado pela existência de duas cidades chamadas Jericó. 0 fato de serem um ou mais cegos explica-se pelo seguinte: era comum naquele tempo os cegos formarem grupos em torno de um cego-lider; e o nome deste geralmente era o do grupo. No entanto, estes detalhes pouco importam ao evangelho. 0 seu interesse é a apresentação da mensagem (evangélion = boa nova).

6. A fonte comum

Os Evangelistas sinóticos se basearam no Evangelho de Marcos e noutra fonte, convencionada por fonte "Q", simbolizando os inúmeros escritos esparsos de que já tratamos. Espalharam cópias destes por outras partes do mundo. Lucas, Mateus, cada um em lugares diferentes, se inspiraram nos escritos disponíveis e inclusive no evangelho de Marcos, que na época já havia sido escrito. O fato do primeiro Evangelho ser atribuído anteriormente a Mateus se deve a uma afirmação de Eusébio de que Mateus escrevera a "logia" do Senhor em aramaico. Mas a crítica histórica provou que o Evangelho que conhecemos não traz apenas a "logia" do Senhor e não foi escrito em aramaico, e sim em grego. Portanto a noticia de Eusébio se refere a outro escrito, e não a este evangelho. Nada impede, porém, que tenha sido escrito por discípulos de Mateus e atribuído ao Mestre. Aliás, a respeito de "Evangelho", o primeiro a usar esta palavra para indicar as memórias dos Apóstolos foi S. Justino, em 130 d.C.

7. As Cartas

As cartas de Paulo foram enviadas para serem lidas em público. Em I Tes 5, 27 há uma alusão a isto. Havia também o intercâmbio das cartas, como se lê em Col 4,16: "mostrem esta carta para Laodicéia e tragam a de lá para vocês". Aos poucos as cartas foram colecionadas, e no fim do I século já se tem notícia delas, quando em II Ped 3,15 se lê: "...nosso irmão Paulo vos escreveu conforme o dom que lhe foi dado... " As cartas de Paulo foram os primeiros escritos do NT. Não se sabe quando os Evangelhos e elas foram acoplados, mas já no fim do I século estavam reunidos num só livro.

As Epistolas Católicas (universais) são chamadas assim por se destinarem à Igreja em geral, e não a tal ou qual comunidade, como fizera Paulo. Elas também se originaram da necessidade pastoral, e já no começo do II século estavam incorporadas aos outros escritos do NT. Os Atos dos Apóstolos podem ser considerados a continuação do terceiro Evangelho, pois também foi escrito por Lucas. E o Apocalipse de S.João, livro profético, foi acrescentado por último.

Nos escritos do NT, freqüentemente se encontram citações do AT. É que muitas vezes os Apóstolos queriam tirar dúvidas sobre certas passagens, que tinham falsa interpretação. Nas assembléias, eram lidos escritos do AT e do NT, para explicá-los. Exemplo disto temos em I Tes 4,15; I Cor 7,10.25.40; At 15, 28; I Tim 5,18; Lc 10,7.

Na próxima semana, iremos dar continuação a este importante estudo sobre o Livro Sagrado, falando agora sobre a Formação da Bíblia pela Igreja (Cânon Sagrado)


Ad Majorem Dei Gloriam,

EDGAR LEANDRO DA SILVA

FONTE: Origem e formação da Bíblia - Veritatis Splendor

OBS: ESTE TEXTO PODERÁ SER ALTERADO