Prezados Irmãos e Irmãs, Salve Maria Santíssima!
Dando continuação, a
este mês dedicado á Nossa Senhora, estaremos hoje abordando um curioso assunto
a respeito da Corredenção e da Mediação Universal de Nossa Senhora na
Humanidade.
Esta participação
singular de Maria na
obra da redenção não é apenas uma “opinião piedosa”, mas uma verdade ensinada
repetidas vezes pelo Magistério da Igreja.
A relevância das aparições de Maria para
a vida cristã e de como os católicos devem interpretá-las segundo a imutável e
incorrigível Revelação Divina, elas não têm a missão de acrescentar ou corrigir
qualquer ponto da doutrina, mas de ajudar a Igreja a testemunhar mais
profundamente os mistérios de Cristo, sobretudo quando estes mistérios parecem
caducar em determinados contextos sociais marcadamente hostis à religião
Na mensagem de Lourdes, por exemplo, Nossa Senhora veio recordar a validade
da pobreza e da piedade contra a racionalidade materialista e anticlerical do
século XIX.
Não há "fruto da graça na história da salvação que não tenha como
instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora".
Em
Fátima, por sua vez, a
Mãe de Deus insistiu na necessidade de reparação e penitência pelas almas
infiéis que, àquela altura, tripudiavam sobre o santíssimo nome de Deus com
toda sorte de blasfêmias e injúrias.
É importante agora precisar mais
claramente o papel de Maria na história da salvação. Tal esclarecimento nos
ajudará a entender por que a Virgem Santíssima veio visitar a humanidade em
tantas ocasiões, apresentado-se como meio singular para o acesso às graças de
Deus. Quando Bento XVI declarou não existir "fruto da graça na história da
salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa
Senhora", ele não estava simplesmente fazendo uso de um
exagero retórico próprio da linguagem dos santos A mediação de Maria faz parte do patrimônio
da fé cristã e é a partir desta verdade, tão presente nos ensinamentos dos
santos como também no Magistério ordinário da Igreja, que a porção dos fiéis
pode unir-se mais eficazmente contra os desvios mundanos, a fim de alcançar a
coroa do Céu.
"Foi pela Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e
é também por Ela que deve reinar no mundo" [3]: com essas palavras, São
Luís Maria Grignon de Montfort resume todo o fundamento da doutrina católica
acerca da participação da Mãe de Deus na redenção da humanidade. Como em Deus não há movimento nem
mudança, a sua vontade permanece sempre a mesma para todos os efeitos [4]. Ora,
Ele escolheu livremente ter uma mãe segundo a carne humana e manter-se submisso
aos seus cuidados durante a maior parte de sua vida terrena. Não é difícil
concluir, portanto, que essa maternidade divina continua no Céu.
A própria Sagrada Escritura nos confirma isso em inúmeras passagens, em
especial, nos relatos de São João sobre as últimas palavras de Cristo pregado à
cruz: Maria é dada como mãe para toda a humanidade (cf. Jo 19,
25-27; Gn 3, 15; Ap 12, 1-18). E é por meio da
cooperação dessa mesma Mãe que nos devem chegar todas as graças da salvação, ou
seja, o próprio Jesus Cristo.
Santos de todas as épocas dão crédito a essa doutrina. Falando sobre a
cooperação de Nossa Senhora na obra da Redenção, Santo Irineu disse:
"Obedecendo, Ela tornou-se causa de salvação para si e para todo o gênero
humano"
A Virgem
Santíssima completou na própria carne as dores que faltaram à Cruz de Cristo.
Algo semelhante escreveu um discípulo
de Santo Anselmo: "Deus é Senhor de todas as coisas, constituindo cada uma
delas na sua própria natureza pela voz do seu poder, e Maria é Senhora de todas
as coisas, reconstituindo-as na sua dignidade primitiva pela graça, que lhes
mereceu"
E para que não reste qualquer dúvida
dessa cooperação de Maria, citemos a profecia de Simeão acerca da espada de dor
com a qual Ela seria ferida (cf. Lc 2, 35). A Virgem
Santíssima completou na própria carne as dores que faltaram à Cruz de Cristo,
segundo o ensinamento de São Paulo (cf. Col 1, 24).
No último século, o Magistério
ordinário da Igreja também falou repetidas vezes sobre o mesmo assunto.
Os
Padres do Concílio Ecumênico Vaticano II, reunidos na Basílica de São Pedro.
Leão XIII, por exemplo, redigiu 13
encíclicas para ressaltar o valor da oração do Rosário. É de sua pena esta
belíssima prece, na qual o grande pontífice pede que a Virgem "restitua a
tranquilidade da paz aos espíritos angustiados; apresse enfim, na vida privada
como na vida pública, o retorno a Jesus Cristo": "Que,
no seu poder, a Virgem Mãe, que outrora cooperou por seu amor no nascimento dos
fiéis na Igreja, seja ainda agora o instrumento e a guardiã da nossa
salvação" [
Não nos esqueçamos ainda das piedosas
exortações de Pio XII. O Papa que, conforme contam algumas testemunhas, teria
visto o milagre do sol nos jardins do Vaticano, ensinava: "Se Maria,
na obra da salvação espiritual, foi associada por vontade de Deus a Jesus
Cristo, princípio de salvação, pode-se dizer igualmente que esta gloriosíssima
Senhora foi escolhida para Mãe de Cristo 'para lhe ser associada na redenção do
gênero humano'"
Palavras semelhantes são encontradas
também nas cartas de Pio X, Bento XV, Pio XI, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II.
Com tantos papas escrevendo sobre esse
assunto, já não se pode dizer ingenuamente que a "mediação universal"
de Maria e o seu papel como "corredentora" sejam meras "opiniões
piedosas". Embora a Igreja ainda
não tenha se manifestado solenemente a esse respeito, por meio de uma
declaração ex cathedra, a sua notável presença
nos documentos comuns dos Santos Padres leva-nos àquela obediência da fé, que
também se aplica ao que propõe o Magistério ordinário e universal, isto é,
"o ensino comum e universal de uma determinada doutrina pelo papa e por
todos os bispos espalhados pelo mundo"
Aliás, o próprio Concílio Vaticano II
referendou tudo isso que dissemos até agora:
Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura sem
interrupção, desde o consentimento, que fielmente deu na anunciação e que
manteve inabalável junto à cruz, até à consumação eterna de todos os eleitos.
De fato, depois de elevada ao Céu, não abandonou esta missão salvadora, mas,
com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação
eterna. Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho
que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria
bem-aventurada. Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de
advogada, auxiliadora, socorro, medianeira. Mas isto se entende de maneira que
nada tire nem acrescente à dignidade e eficácia do único mediador, que é
Cristo.
Efetivamente, nenhuma criatura se pode equiparar ao Verbo encarnado e Redentor;
mas, assim como o sacerdócio de Cristo é participado de diversos modos pelos
ministros e pelo povo fiel, e assim como a bondade de Deus, sendo uma só, se
difunde variamente pelos seres criados, assim também a mediação única do
Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas cooperações diversas, que
participam dessa única fonte.
Esta função subordinada de Maria, não hesita a Igreja em proclamá-la; sente-a
constantemente e inculca-a aos fiéis, para mais intimamente aderirem, com esta
ajuda materna, ao seu mediador e salvador.
Demonstrado o fundamento de nossa fé
na cooperação de Maria — cooperação esta que se manisfestou "de modo
singular, com sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para
restaurar nas almas a vida sobrenatural" —, tornam-se
mais lúcidas as suas aparições, cujas mensagens resumem-se a uma maior
fidelidade à religião cristã, ou seja, ao chamado à santidade.
Maria nunca quer nada para Ela. Ao
contrário, a Virgem sempre direciona-nos para o Seu Filho, a fim de que
deixemos de ofendê-lO com nossos pecados.
Maria fala contra a indiferença e a
tibieza dos corações que já não dão espaço para Jesus.
Mais: a Mãe de Deus escolhe almas
inocentes para livremente sofrerem pela conversão dos pobres pecadores. Maria,
por meio da consagração que lhe fazem, instrui e protege Seus filhos na batalha
contra a serpente maligna, forjando-os no mesmo fogo no qual quis ser forjado o
próprio Filho de Deus. Portanto, não há como negar as palavras de São Luís
Maria Grignon de Montfort: "Se a devoção à Santíssima Virgem nos afastasse
de Jesus, seria preciso rejeitá-la como uma ilusão do demônio. Mas é tão o
contrário [...], esta devoção só nos é necessária para encontrar Jesus Cristo,
amá-lO ternamente e fielmente servi-lO"
Maria é, realmente, corredentora e medianeira de todas as graças.
Fonte: O que significa dizer que Maria é “corredentora” e “medianeira de todas as graças”?
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