Prezados Irmãos e Irmãs, Salve Maria.
Neste mês dedicado a Sagrada Escritura, o Nosso
Apostolado Defesa Católica, estará aqui em Nosso Blog, como em nossas redes
sociais, comentando a respeito do Livro Sagrado. E para começar, nada melhor do
que comentarmos a respeito da História e da Formação da Bíblia Sagrada pela
Igreja Católica, como foi questionado pela Nossa Amiga de Qualidade,
Luciclecia.
E como o assunto, é um pouco longo, iremos dividir
esta resposta, em duas partes. Vale a
pena conferir!
O período histórico da formação da
Bíblia situa-se entre 1100 a. C. ou 1200 a. C. a 100 d. C. Provavelmente, a
mais antiga parte escrita da Bíblia é o Cântico de Débora, que se encontra no
livro dos Juízes (Jz, 5).
Quando os hebreus chegaram a Canaã, já
havia na terra um certo desenvolvimento literário, como por exemplo, o alfabeto
fenício (do qual se derivou o hebraico), que já existia no século XIV a. C. Os
judeus chegaram lá por volta do século XIII a.C. Outro documento desta época é
o calendário de Gezér, que data mais ou menos do ano 1000 a.C. É uma indicação
de datas para uso dos agricultores. É o documento mais antigo encontrado na
Palestina. Outro documento também muito antigo é o sarcófago do Rei Airam, que
contém uma inscrição e foi encontrado nos séculos XIV ou XV a. C., em Biblos.
Há ainda umas tabuletas encontradas em Ugarit (em 1929), onde estão escritos
uns poemas semelhantes aos salmos, datando dos séculos XIV ou XV a. C.
Além destes, há outros documentos
provando que já havia uma escrita na Palestina, antes dos hebreus chegarem lá.
A inscrição do túmulo de Siloé (700 a. C.), explicando como foi feito; os
"óstracon", de Samaria, onde há uma espécie de carta diplomática, são
documentos que provam a continuidade de uma atividade literária. Em Juizes
8,14, o autor descreve um acontecimento ocorrido mais ou menos em 1100 a.C. E
em que língua foi escrito este fato pela primeira vez, na época em que
aconteceu? Provavelmente no alfabeto fenício (pré-hebraico).
A tradição
oral e a tradição escrita
A parte mais antiga da Bíblia remonta
justamente deste tempo (1100 a.C.), quando a escrita ainda não estava bem
definida, e é oral. Desde este tempo já se fora criando uma tradição, que
existia oralmente e era transmitida aos novos pelos mais velhos nas reuniões
que havia nos santuários. Por este tempo, só eram relatados os acontecimentos
do deserto, do Sinai, da aliança de Deus com o povo. Mas os jovens queriam
saber o que havia acontecido antes disto. Então foram sendo compostas as
histórias dos Patriarcas. Mas, e antes deles, antes de Abraão? Passaram à
história da criação do mundo. Por isso, se afirma que a parte mais antiga da
Bíblia é o Cântico de Débora, no livro
dos Juizes. A partir daí, fez-se um retrospecto didático-histórico.
Estas histórias iam sendo passadas
oralmente de pai a filho, nos santuários. Acontece que nem todos iam para os
mesmos santuários, o que motivou a existência de pequenas diferenças na
catequese do norte e na do sul. A tradição do sul foi chamada de JAVISTA (J),
pois Deus era tratado sempre por Javé; a do norte se chamou ELOISTA (E), porque
Deus era tratado como Eloi.
A tradição oral existiu até os tempos
de Daví, quando foi escrita a tradição javista; meio século depois, foi escrita
também a eloista. Por volta de 721 a.C., na época, da divisão dos reinos,
quando Samaria foi destruída pelos assírios, muitos sacerdotes do norte fugiram
para o sul e levaram consigo a sua tradição. A partir de então, as duas foram
compiladas num só escrito.
Falamos das duas tradições: uma do
norte e outra do sul. Mas não existiam apenas estas duas, que são as
principais. Há ainda a DEUTERONOMICA (D), encontrada casualmente em 622 a. C.
por pedreiros, que trabalhavam num templo. Corresponde ao livro Deuteronômio da
Bíblia atual. Após esta, surgiu a SACERDOTAL (P), nova compilação das
catequeses antigas de Israel, datada do século VI a.C. Ao fim, estas quatro
tradições foram combinadas entre si e compiladas em 5 volumes, dando origem ao
Pentateuco da Bíblia atual. Na tradição Javista, Deus é antropomórfico. Na
Sacerdotal, Deus é poderoso, está acima do tempo, o que significa um progresso
no conceito de Deus que o povo tinha. A redação do Pentateuco se deu pelo ano
398 a.C. e compreendia a primeira parte da Bíblia judaica.
A partir de Josué, a tradição continuou
oral, para ser escrita somente por volta de 550 a.C. E foram escritas do modo
como o povo contava. Por isso não se pode dar a mesma importância histórica aos
fatos descritos nestes livros em relação a outros posteriores, pois alguns
fatos narrados foram baseados na tradição popular, enquanto que outros foram
baseados em documentos de arquivos (anais do Reino). Este é um grande desafio
para os estudiosos e também uma fonte de divergências.
3. Os Intérpretes - Profetas e Sábios
Durante muito tempo, os profetas foram
os orientadores do povo de Deus. Os livros proféticos resumem os seus
ensinamentos, e na sua maioria foram escritos só mais tarde, por seus
seguidores. Somente por volta do ano 200 a.C. é que foram redigidos os livros
proféticos. Os livros Sapienciais foram o resultado de um estilo literário que
esteve em moda durante muito tempo, na época posterior ao exílio. São umas
reflexões humanistico-religiosas. Passados os profetas, surgiram os sábios que
raciocinavam sobre as coisas da natureza, tirando delas ensinamentos para a
vida. Foram acrescentados aos livros sagrados nos últimos séculos a.C., sendo
os mais recentes livros do AT.
4. A nova tradição da era cristã
O NT não foi escrito com a finalidade
de ser acrescentado à Bíblia. No tempo de Cristo e dos Apóstolos, o livro
sagrado era apenas o AT. O próprio Jesus Cristo se baseava nele em suas
pregações. E Ele mandou apenas pregar, e não escrever. Foi quando uma nova
tradição oral foi se formando. E após a morte de Cristo, os apóstolos saíram
pregando.
Mas veio a necessidade de congregar
outras pessoas para o anúncio, em vista do grande número de comunidades
existentes. Então, começaram a escrever. Mais tarde, com a aceitação também de
cidadãos estrangeiros nas comunidades, a mensagem precisou ser traduzida e
adaptada. Além disso, o próprio povo necessitava de uma escrita (doutrina
escrita) para se conservar una, após a morte dos Apóstolos. Esta redação, no
início, era apenas de alguns escritos esparsos, que só depois de algum tempo
foram juntos em livros. Exemplo disso está em Mc 2, uma série de disputas de JC
com os Judeus, onde se vê claramente que foi recolhida de escritos separados.
Também em João se lê: "Muitas
outras coisas Jesus fez que não foram escritas..." (Jo 21,24) Isto
significa que só foram escritas aquelas mensagens que teriam utilidade,
conforme as necessidades momentâneas.
O evangelho de Marcos, o primeiro a ser
escrito, data dos anos 60 ou 70 d.C.; os de Lucas e Mateus, são de 70 ou 80, o
que significa que somente após uns 40 anos da morte de Jesus Cristo, sua
palavra começou a ser escrita. 0 Evangelho de João só foi escrito em torno do
ano 100 d.C. Antigamente, se acreditava ser Mateus o autor do primeiro
Evangelho. Mas a critica histórica mostra que o de Marcos foi anterior. Aliás,
a respeito deste evangelho de Mateus, não se sabe ao certo quem é o seu autor.
Foi atribuído a Mateus, apenas por uma tradição e também por uma praxe da época
de se atribuir um escrito a alguém mais conhecido e famoso, para que a obra
tivesse mais autoridade.
5. Entendendo algumas dificuldades concretas
Durante o tempo anterior á escrita dos
Evangelhos, havia apenas a pregação dos Apóstolos, recordando os fatos da vida
de Cristo, todavia eram fatos esparsos, sem nenhuma preocupação com seqüência
ou unidade. Por isso os Evangelhos, que foram esta pregação escrita, se
contradizem em algumas datas, o que mostra a pouca importância dada à
cronologia. Os fatos eram recordados e aplicados, conforme as necessidades.
Assim, até entre os Evangelhos sinóticos, que seguiram a mesma fonte, há
diversificações. Por exemplo, no Sermão da Montanha, em Lucas fala "bem
aventurados os pobres"; e em Mateus, "bem aventurados os pobres de
espírito". A diferença consiste no seguinte: Lucas deu um sentido social,
mais importante para as comunidades gregas, para as quais escrevia. Mas o de
Mateus destinava-se às comunidades judias e queria combater uma doutrina dos
judeus que tinham uma idéia falsa de pobreza. Para eles, o próprio fato de a
pessoa ser pobre, já lhe garantia a salvação, enquanto outra pessoa, pelo
simples fato de ser rica, já estava condenada. Por causa disso ele escreveu
"pobres de espírito".
Outro ponto de discordância é o caso da
cura de um cego. Mateus diz "um cego, na saída de Jericó"; e Lucas
"dois cegos, na entrada de Jericó". 0 fato da 'entrada' e 'saída'
pode ser explicado pela existência de duas cidades chamadas Jericó. 0 fato de
serem um ou mais cegos explica-se pelo seguinte: era comum naquele tempo os
cegos formarem grupos em torno de um cego-lider; e o nome deste geralmente era
o do grupo. No entanto, estes detalhes pouco importam ao evangelho. 0 seu
interesse é a apresentação da mensagem (evangélion = boa nova).
6. A fonte comum
Os Evangelistas sinóticos se basearam
no Evangelho de Marcos e noutra fonte, convencionada por fonte "Q",
simbolizando os inúmeros escritos esparsos de que já tratamos. Espalharam
cópias destes por outras partes do mundo. Lucas, Mateus, cada um em lugares
diferentes, se inspiraram nos escritos disponíveis e inclusive no evangelho de
Marcos, que na época já havia sido escrito. O fato do primeiro Evangelho ser
atribuído anteriormente a Mateus se deve a uma afirmação de Eusébio de que
Mateus escrevera a "logia" do Senhor em aramaico. Mas a crítica
histórica provou que o Evangelho que conhecemos não traz apenas a
"logia" do Senhor e não foi escrito em aramaico, e sim em grego.
Portanto a noticia de Eusébio se refere a outro escrito, e não a este
evangelho. Nada impede, porém, que tenha sido escrito por discípulos de Mateus
e atribuído ao Mestre. Aliás, a respeito de "Evangelho", o primeiro a
usar esta palavra para indicar as memórias dos Apóstolos foi S. Justino, em 130
d.C.
7. As Cartas
As cartas de Paulo foram enviadas para
serem lidas em público. Em I Tes 5, 27 há uma alusão a isto. Havia também o
intercâmbio das cartas, como se lê em Col 4,16: "mostrem esta carta para
Laodicéia e tragam a de lá para vocês". Aos poucos as cartas foram
colecionadas, e no fim do I século já se tem notícia delas, quando em II Ped
3,15 se lê: "...nosso irmão Paulo vos escreveu conforme o dom que lhe foi
dado... " As cartas de Paulo foram os primeiros escritos do NT. Não se
sabe quando os Evangelhos e elas foram acoplados, mas já no fim do I século
estavam reunidos num só livro.
As Epistolas Católicas (universais) são
chamadas assim por se destinarem à Igreja em geral, e não a tal ou qual
comunidade, como fizera Paulo. Elas também se originaram da necessidade
pastoral, e já no começo do II século estavam incorporadas aos outros escritos
do NT. Os Atos dos Apóstolos podem ser considerados a continuação do terceiro
Evangelho, pois também foi escrito por Lucas. E o Apocalipse de S.João, livro
profético, foi acrescentado por último.
Nos escritos do NT, freqüentemente se
encontram citações do AT. É que muitas vezes os Apóstolos queriam tirar dúvidas
sobre certas passagens, que tinham falsa interpretação. Nas assembléias, eram
lidos escritos do AT e do NT, para explicá-los. Exemplo disto temos em I Tes
4,15; I Cor 7,10.25.40; At 15, 28; I Tim 5,18; Lc 10,7.
Na próxima semana, iremos dar continuação a este importante estudo sobre o Livro Sagrado, falando agora sobre a Formação da Bíblia pela Igreja (Cânon Sagrado)
Ad Majorem Dei Gloriam,
EDGAR LEANDRO DA SILVA
FONTE: Origem e
formação da Bíblia - Veritatis Splendor
OBS: ESTE TEXTO PODERÁ SER ALTERADO
É muito bom né Gostei né a defesa é muito bom que Jesus né abençoe vocês e Nossa Senhora
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