Prezados Irmãos e Irmãs, Salve Maria.
Dando continuação, a este mês dedicado
á Sagrada Escritura, hoje, iremos estudar a respeito da Interpretação da Bíblia
Sagrada.
Ensina o Magistério da Igreja:
"O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo", isto é, foi confiado aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma. "Todavia, tal Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas a serviço dela, não ensinando senão o que foi transmitido, no sentido de que, por mandato divino, com a assistência do Espírito Santo, piamente ausculta aquela palavra, santamente a guarda e fielmente a expõe, e deste único depósito de fé tira o que nos propõe para ser crido como divinamente revelado." Os fiéis, lembrando-se da palavra de Cristo a seus apóstolos: "Quem vos ouve a mim ouve" (Lc 10,16), recebem com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que seus Pastores lhes dão sob diferentes formas”. (Catecismo da Igreja Católica § 85-87).
Mas ao mesmo tempo,se não há autoridade além da Bíblia (como
estabelece o princípio Sola Scriptura), e
se cada um pode estudar a Escritura Sagrada e tirar as suas próprias conclusões
à luz do Espírito
Santo (?), quem está certo, afinal? Os
evangélicos pentecostais, os neopentecostais ou os tradicionais? Os
protestantes conservadores ou os progressistas? Os adeptos da neortodoxia, da
teologia liberal ou do open theism? Os luteranos, os
calvinistas ou os batistas (para citar apenas três das maiores denominações
protestantes)? Quem, dentro do protestantismo, pode dizer
quem está certo e quem está errado? Percebe como a “balbúrdia teológica” dentro
do protestantismo é algo inevitável e insanável?
A Igreja já definiu oficialmente a interpretação
para diversas passagens da Escritura, mas a maioria das pessoas, católicas ou
não, não se apercebem disso. Dentre as que o fazem, até mesmo um Católico bem
informado não costuma ser capaz de dizer que passagens foram autoritativamente
interpretadas ou quais foram tais interpretações.
O que se segue é uma série de interpretações autoritativas que a Igreja
faz da Escritura, retiradas da obra de Heinrich Denzinger, Fontes do Dogma
Católico, nºs 789, 858, 874, 913, 926, 949, 1822. Deve-se ter em mente que a
palavra “anátema” não quer dizer “condenado ao inferno”, e sim “formalmente
excomungado”, e é usada em afirmações explícitas do que a Igreja rejeita mais
veementemente. Deve-se também lembrar que as interpretações autoritativas
dessas passagens não excluem a possibilidade de interpretações adicionais e
não-contraditórias. Significa somente que os trechos em referência certamente
carregam os significados definidos. Alguns perguntam, também, porque a Igreja
não define formalmente o significado e interpretação de cada linha da
Escritura. A Igreja ensina o necessário para que compreendamos– ela diz o que
precisa ser dito, nem uma palavra a mais do que o necessário. Da mesma forma
que é necessária uma eternidade para perscrutar os profundos mistérios de Deus,
também seria preciso uma eternidade para perscrutar os mistérios de Sua
Palavra. Essas passagens foram definidas contra heresias perniciosas. Toda
heresia é originada em uma interpretação errônea de alguma dessas passagens ou
de combinação delas.
O episódio do Eunuco
da Rainha Candace da Etiópia, mostra claramente que a Sagrada Escritura não é
de livre interpretação, sobretudo em matéria de fé. Felipe explica-lhe a
Escritura e apresenta-lhe o Cristo:
“Começou então Filipe a falar, e, principiando por essa passagem da Escritura,
anunciou-lhe Jesus.” (Atos 8,35).
O próprio Jesus Cristo já havia mostrado a necessidade de
uma autoridade para explicar as escrituras, no episódio dos discípulos de
Emaús:
“Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas
coisas e assim entrasse na sua glória? E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras.” (Lc
24,26-27).
Também São Pedro exorta que nenhuma profecia da Escritura é
de interpretação particular (pessoal), e alude à dificuldade de compreender
certas passagens da Escritura, o que denota a necessidade de uma autoridade que
expresse sem erro a verdade que a Escritura revela:
“Reconhecei que a longa paciência de nosso
Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos escreveu,
segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado. É o que ele faz em todas as suas
cartas, nas quais fala nestes assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis
de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos
deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais
Escrituras. (II Pd 3,15-16).
Outro exemplo claríssimo da necessidade de uma autoridade
apostólica para ensinar ou interpretar a Sagrada Escritura está na exortação de
São Paulo à comunidade de Tessalônica. São Paulo pede-lhes que tomem cuidado
com carta ou pretensa revelação imputada a ele, alertando-os para guardarem os
ensinamentos autênticos que dele receberam por carta (Bíblia) ou oralmente
(Tradição Apostólica):
“(...) não vos deixeis facilmente
perturbar o espírito e alarmar-vos, nem por alguma pretensa revelação
nem por palavra ou carta tidas como procedentes de nós” (II Tess 2,2).
“Assim, pois, irmãos, ficai firmes
e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras,
seja por carta nossa”. (II
Tess 2,15).
“Roma locuta, causa
finita est”
EDGAR LEANDRO DA SILVA
OBS: Os Grifos São Meus
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