domingo, 17 de setembro de 2023

SAGRADA ESCRITURA: INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA

 




Prezados Irmãos e Irmãs, Salve Maria.

 

Dando continuação, a este mês dedicado á Sagrada Escritura, hoje, iremos estudar a respeito da Interpretação da Bíblia Sagrada.

Ensina o Magistério da Igreja:

"O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo", isto é, foi confiado aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma. "Todavia, tal Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas a serviço dela, não ensinando senão o que foi transmitido, no sentido de que, por mandato divino, com a assistência do Espírito Santo, piamente ausculta aquela palavra, santamente a guarda e fielmente a expõe, e deste único depósito de fé tira o que nos propõe para ser crido como divinamente revelado." Os fiéis, lembrando-se da palavra de Cristo a seus apóstolos: "Quem vos ouve a mim ouve" (Lc 10,16), recebem com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que seus Pastores lhes dão sob diferentes formas”. (Catecismo da Igreja Católica § 85-87). 

A Igreja Católica não diz que você não pode interpretar a Bíblia. Ademais, se você a estiver lendo e entender alguma coisa, você poderá interpretá-la.

O que se rejeita é a idéia de que o crente, individualmente, possa interpretar a Bíblia autoritativamente e definitivamente para si mesmo ou para outros. Em outras palavras: os indivíduos cristãos não podem afirmar que os seus seguidores e a Igreja como um todo devem se submeter à sua própria compreensão pessoal da Sagrada Escritura. A tarefa de interpretar a Bíblia autoritativamente cabe ao Magistério da Igreja: o Papa e os bispos que ensinam em união com ele.

Mas ao mesmo tempo,se não há autoridade além da Bíblia (como estabelece o princípio Sola Scriptura), e se cada um pode estudar a Escritura Sagrada e tirar as suas próprias conclusões à luz do Espírito Santo (?), quem está certo, afinal? Os evangélicos pentecostais, os neopentecostais ou os tradicionais? Os protestantes conservadores ou os progressistas? Os adeptos da neortodoxia, da teologia liberal ou do open theism? Os luteranos, os calvinistas ou os batistas (para citar apenas três das maiores denominações protestantes)? Quem, dentro do protestantismo, pode dizer quem está certo e quem está errado? Percebe como a “balbúrdia teológica” dentro do protestantismo é algo inevitável e insanável?

A Igreja já definiu oficialmente a interpretação para diversas passagens da Escritura, mas a maioria das pessoas, católicas ou não, não se apercebem disso. Dentre as que o fazem, até mesmo um Católico bem informado não costuma ser capaz de dizer que passagens foram autoritativamente interpretadas ou quais foram tais interpretações.

O que se segue é uma série de interpretações autoritativas que a Igreja faz da Escritura, retiradas da obra de Heinrich Denzinger, Fontes do Dogma Católico, nºs 789, 858, 874, 913, 926, 949, 1822. Deve-se ter em mente que a palavra “anátema” não quer dizer “condenado ao inferno”, e sim “formalmente excomungado”, e é usada em afirmações explícitas do que a Igreja rejeita mais veementemente. Deve-se também lembrar que as interpretações autoritativas dessas passagens não excluem a possibilidade de interpretações adicionais e não-contraditórias. Significa somente que os trechos em referência certamente carregam os significados definidos. Alguns perguntam, também, porque a Igreja não define formalmente o significado e interpretação de cada linha da Escritura. A Igreja ensina o necessário para que compreendamos– ela diz o que precisa ser dito, nem uma palavra a mais do que o necessário. Da mesma forma que é necessária uma eternidade para perscrutar os profundos mistérios de Deus, também seria preciso uma eternidade para perscrutar os mistérios de Sua Palavra. Essas passagens foram definidas contra heresias perniciosas. Toda heresia é originada em uma interpretação errônea de alguma dessas passagens ou de combinação delas.

O  episódio do Eunuco da Rainha Candace da Etiópia, mostra claramente que a Sagrada Escritura não é de livre interpretação, sobretudo em matéria de fé. Felipe explica-lhe a Escritura e apresenta-lhe o Cristo: “Começou então Filipe a falar, e, principiando por essa passagem da Escritura, anunciou-lhe Jesus.” (Atos 8,35).

O próprio Jesus Cristo já havia mostrado a necessidade de uma autoridade para explicar as escrituras, no episódio dos discípulos de Emaús:

“Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória? E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras.” (Lc 24,26-27).

Também São Pedro exorta que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular (pessoal), e alude à dificuldade de compreender certas passagens da Escritura, o que denota a necessidade de uma autoridade que expresse sem erro a verdade que a Escritura revela:

 “Reconhecei que a longa paciência de nosso Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado. É o que ele faz em todas as suas cartas, nas quais fala nestes assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras. (II Pd 3,15-16).

Outro exemplo claríssimo da necessidade de uma autoridade apostólica para ensinar ou interpretar a Sagrada Escritura está na exortação de São Paulo à comunidade de Tessalônica. São Paulo pede-lhes que tomem cuidado com carta ou pretensa revelação imputada a ele, alertando-os para guardarem os ensinamentos autênticos que dele receberam por carta (Bíblia) ou oralmente (Tradição Apostólica):

“(...) não vos deixeis facilmente perturbar o espírito e alarmar-vos, nem por alguma pretensa revelação nem por palavra ou carta tidas como procedentes de nós” (II Tess 2,2).

“Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa”. (II Tess 2,15).

 

“Roma locuta, causa finita est”

 

EDGAR  LEANDRO DA SILVA

 

OBS: Os Grifos São Meus

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