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São Pedro |
Um dos doze apóstolos. Aparece sempre em
evidência nos Evangelhos, sendo conhecido também pelos seguintes nomes: Simão,
Simão Pedro, Simão Barjona (filho de João ou Jonas). Seu nome real deveria ser
Simeão, mas por influência do grego (Símon) foi corrompido para Simão, assim
como o termo Pedro é a tradução grega do apelido que Cristo lhe deu, Cephas
('rocha', em gr. Pêtros). Nasceu na Galiléia. Seu sotaque regional o atraiçoou
na noite em que Cristo foi preso.
Exercia o oficio de pescador no mar da Galiléia,
em sociedade com o irmão André e os dois filhos de Zebedeu: João e Tiago.
Sabe-se que era casado, por viver com a sogra em Cafarnaum, Mc 1,30. Conheceu
Jesus, quando lhe foi apresentado por André, às margens do Jordão, onde tinha
ido com seus sócios, atraído pela fama do Batista. Jesus, desde a primeira
entrevista, olhando-o com simpatia, anunciou-lhe que seria pescador de homens,
no futuro.
De acordo com a narrativa evangélica, tinha um
temperamento veemente e espontâneo, leal e generoso, de iniciativas ardentes e
de raciocínio rápido, ao mesmo tempo que era precipitado e um tanto timorato.
Se confessou resolutamente a divindade de Jesus, junto aos doze, em Cesaréia de
Filipos, negou três vezes que o conhecia aos soldados que acabavam de
prendê-lo.
Erasmo, a propósito, notou que o chefe da
religião cristã começara seu apostolado renegando Cristo, enquanto que o
legislador da religião judaica, Moisés, iniciava a religião do povo eleito com
as cenas da adoração do bezerro de ouro. Paulo confessa que resistiu
frontalmente a algumas ideias de Pedro na primeira reunião em Jerusalém
(concílio).
O ponto de disputa era o tratamento dos gentios
(não judeus) convertidos ao catolicismo. Paulo saiu vitorioso, mas isto não
nega a notável preeminência de Pedro, na comunidade cristã primitiva. É
mencionado 23 vezes no Evangelho de Marcos, seu discípulo; 24 no de Mateus, que
o exalta mais do que qualquer outro; 27 no de Lucas; 39 no de João; e 182
vezes, ao todo, no Novo Testamento.
Por isso, é incontestável sua liderança no
início da vida cristã.
Fora dos Evangelhos, poucas são as fontes
históricas a seu respeito. Pela leitura dos Atos dos Apóstolos, conclui-se que
estava mais absorvido na administração da comunidade cristã do que na
propagação da 'boa nova cristã', como o apóstolo Paulo.
A referência à morte de Pedro, no último
capítulo do Evangelho de João, é obscura, embora talvez fosse suficiente para o
entendimento dos primeiros cristãos. "Em verdade (fala Cristo) te digo
que, quando eras jovem, tu te vestias e ias aonde querias, mas, quando fores
velho, serás levado pelas mãos e outro te cingirá e te levará aonde não queres
ir." A tradição posterior interpretou este prognóstico de Cristo como
sendo o anúncio de que Pedro seria martirizado.
A mesma tradição o considera como o primeiro
bispo de Roma, sendo, porém, de observar que, na época, como muito depois, não
havia, na cristandade, nenhum bispado organizado, o que somente veio a se
concretizar, na lgreja, nos fins do segundo século. É, porém, fora de dúvida
ter sido Pedro o chefe da comunidade cristã em Jerusalém, após a morte de
Cristo, sendo, como tal, preso duas vezes (At 4,3 e 5,18).
Quanto à sua morte, também tudo é duvidoso.
João, com as palavras enigmáticas do seu Evangelho, parece querer dar a
entender que a morte de Pedro foi consequência de sua avançada idade e que as
peias à sua liberdade foram devidas a alguma doença que lhe impedia os movimentos.
No começo do séc. III, mostravam-se, porém, no Vaticano, as sepulturas de Pedro
e Paulo.
Fizeram-se, há pouco tempo, escavações no
subsolo da basílica de São Pedro, em Roma, pesquisando a tumba do apóstolo; até
agora, contudo, apesar da seriedade dessas investigações, apenas se concluiu
que o lugar fora um cemitério cristão.
Pedro é um dos santos mais populares da
cristandade. Sua festa, a 29 de junho, é dia santo e em alguns setores
profissionais, no Brasil, é comemorada com feriado, assim como no campo é
festejada com fogueiras. Correm pelo sertão brasileiro várias histórias de São
Pedro, onde aparece como personagem astuto, ladino, mas assim mesmo um tanto
ingênuo. Sua função de 'chaveiro do céu' é motivo) para um anedotário popular.
Lindolfo Gomes, em Contos populares, reuniu variado elemento folclórico a seu
respeito, que caracterizou como 'ciclo de São Pedro'. (A. X. T.)
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