Queridos irmãos e
irmãs, Cristo ressuscitou!
Hoje proclamamos que
Ele, o Senhor da nossa vida, é «a ressurreição e a vida» (Jo 11,
25) do mundo. É Páscoa, que significa «passagem», porque, em Jesus, realizou-se
a passagem decisiva da humanidade, ou seja, a passagem da morte à vida, do
pecado à graça, do medo à confiança, da desolação à comunhão. N’Ele, Senhor do
tempo e da história, quero, com o coração repleto de alegria, dizer a todos:
feliz Páscoa!
Seja ela para cada um
de vós, queridos irmãos e irmãs, em particular para os doentes e os pobres, os
idosos e quantos atravessam momentos de provação e dificuldade, uma passagem da
tribulação à consolação. Não estamos sozinhos: Jesus, o Vivente, está connosco
para sempre. Alegrem-se a Igreja e o mundo, porque hoje as nossas esperanças já
não se quebram contra o muro da morte, mas o Senhor abriu-nos uma ponte para a
vida. Sim, irmãos e irmãs! Na Páscoa, mudaram as sortes do mundo, e hoje (dia
que coincide com a data mais provável da ressurreição de Cristo) podemos
alegrar-nos de celebrar, por pura graça, o dia mais importante e belo da
história.
Cristo ressuscitou,
ressuscitou verdadeiramente: como se proclama nas Igrejas do Oriente. O
termo verdadeiramente diz-nos que a esperança não é uma
ilusão; é verdade! E que, a partir da Páscoa, o caminho da humanidade
assinalado pela esperança é percorrido com passo mais rápido. Assim no-lo mostram,
com o seu exemplo, as primeiras testemunhas da Ressurreição. Os Evangelhos
narram aquela pressa boa com que, no dia de Páscoa, «as mulheres correram a dar
a notícia aos discípulos» (Mt 28, 8). E ainda que Maria de Magdala,
«correndo, foi ter com Simão Pedro» (Jo 20, 2); e em seguida João e
o próprio Pedro «corriam os dois juntos» (20, 4) para chegar ao lugar onde
Jesus estivera sepultado. E ao entardecer daquele dia de Páscoa, depois de
terem encontrado o Ressuscitado no caminho para Emaús, os dois discípulos
«voltaram imediatamente para Jerusalém» (Lc 24, 33) percorrendo a
toda a pressa vários quilómetros em subida e na escuridão da noite, movidos
pela alegria irrefreável da Páscoa que inflamava os seus corações (cf. 24, 32).
A mesma alegria pela qual Pedro, ao ver Jesus ressuscitado nas margens do lago
da Galileia, não pôde demorar-se no barco com os outros, mas lançou-se logo à
água nadando velozmente ao encontro d’Ele (cf. Jo 21, 7). Em
suma, na Páscoa, acelera-se o passo na caminhada que se torna uma corrida,
porque a humanidade vê a meta do seu percurso, o sentido do seu destino, Jesus
Cristo, e é chamada a apressar-se ao encontro d’Ele, esperança do mundo.
Apressemo-nos, também
nós, a crescer num caminho de confiança recíproca: confiança entre as pessoas,
entre os povos e as nações. Deixemo-nos surpreender pelo anúncio feliz da
Páscoa, pela luz que ilumina as trevas e obscuridades em que demasiadas vezes
se encontra envolvido o mundo.
Apressemo-nos a
superar os conflitos e as divisões, e a abrir os nossos corações aos mais
necessitados. Apressemo-nos a percorrer sendas de paz e fraternidade.
Alegremo-nos com os sinais concretos de esperança que nos chegam de tantos
países, a começar daqueles que oferecem assistência e hospitalidade a quantos
fogem da guerra e da pobreza.
Entretanto, ao longo
do caminho, há ainda muitas pedras de tropeço, que tornam árduo e fadigoso este
apressarmo-nos para o Ressuscitado. Supliquemos-Lhe: Ajudai-nos a correr ao
vosso encontro! Ajudai-nos a abrir os nossos corações!
Ajudai o amado povo
ucraniano no caminho para a paz, e derramai a luz pascal sobre o povo russo.
Confortai os feridos e quantos perderam os seus entes queridos por causa da
guerra e fazei que os prisioneiros possam voltar sãos e salvos para as suas
famílias. Abri os corações de toda a Comunidade Internacional para que se
esforcem por fazer cessar esta guerra e todos os conflitos que ensanguentam o
mundo, a começar pela Síria, que ainda espera a paz. Sustentai quantos foram
atingidos pelo violento terremoto na Turquia e na própria Síria. Rezemos por
aqueles que perderam familiares e amigos e ficaram sem casa: possam receber
conforto de Deus e ajuda da família das nações.
Neste dia
confiamo-Vos, Senhor, a cidade de Jerusalém, primeira testemunha da vossa
Ressurreição. Expresso profunda preocupação com os ataques dos últimos dias que
ameaçam o desejado clima de confiança e respeito mútuo, necessário para se
retomar o diálogo entre israelenses e palestinos, de modo que a paz reine na
Cidade Santa e em toda a região.
Ajudai, Senhor, o
Líbano, ainda à procura de estabilidade e unidade, para que supere as divisões
e todos os cidadãos trabalhem, juntos, pelo bem comum do país.
Não Vos esqueçais do
querido povo da Tunísia, especialmente dos jovens e daqueles que sofrem por
causa dos problemas sociais e económicos, a fim de não perder a esperança e
colaborar na construção dum futuro de paz e fraternidade.
Olhai para o Haiti,
que há vários anos está a sofrer uma grave crise sociopolítica e humanitária, e
sustentai o empenho dos atores políticos e da Comunidade Internacional na busca
duma solução definitiva para os inúmeros problemas que afligem aquela população
tão atribulada.
Consolidai os
processos de paz e reconciliação empreendidos na Etiópia e no Sudão do Sul e
fazei cessar as violências na República Democrática do Congo.
Sustentai, Senhor, as
comunidades cristãs que hoje celebram a Páscoa em circunstâncias particulares,
como sucede na Nicarágua e na Eritreia, e lembrai-Vos de todos aqueles a quem é
impedido professar, livre e publicamente, a sua fé. Dai conforto às vítimas do
terrorismo internacional, especialmente no Burkina Faso, Mali, Moçambique e
Nigéria.
Ajudai o Myanmar a
percorrer caminhos de paz e iluminai os corações dos responsáveis para que o
martirizado povo roynga encontre justiça.
Confortai os
refugiados, os deportados, os prisioneiros políticos e os migrantes,
especialmente os mais vulneráveis, bem como todos aqueles que sofrem com a
fome, a pobreza e os efeitos nocivos do narcotráfico, do tráfico de pessoas e
de toda a forma de escravidão. Inspirai, Senhor, os responsáveis das nações,
para que nenhum homem ou mulher seja discriminado e espezinhado na sua
dignidade; para que, no pleno respeito dos direitos humanos e da democracia, se
curem estas chagas sociais, se procure sempre e só o bem comum dos cidadãos, se
garanta a segurança e as condições necessárias para o diálogo e a convivência
pacífica.
Irmãos, irmãs,
voltemos também nós a encontrar o gosto do caminho, aceleremos o pulsar da
esperança, saboreemos a beleza do Céu! Tiremos deste Dia as energias para
continuar ao encontro do Bem que não desilude. E, se «o maior pecado – como
escreveu um antigo Padre – é não acreditar nas energias da Ressurreição» (Santo
Isaac de Nínive, Sermões ascéticos, I, 5), hoje acreditemos! «Sim,
temos a certeza: verdadeiramente Cristo ressuscitou» (Sequência).
Acreditamos em Vós, Senhor Jesus, acreditamos que convosco renasce a esperança,
o caminho continua. Vós, Senhor da vida, encorajai os nossos caminhos e repeti,
também a nós, como aos discípulos na noite de Páscoa: «A paz esteja convosco» (Jo 20,
19.21).
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