Por CNBB
O cardeal Sergio
da Rocha, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) falou
aos jornalistas reunidos na Coletiva de Imprensa da 56.ª Assembleia Geral da
entidade, na tarde do dia 19 de abril, e pediu a dom Murilo Krieger,
vice-presidente, que lesse a mensagem da conferência ao povo de Deus.
O documento
registra a comunhão do episcopado brasileiro com o papa Francisco e destaca a
necessidade de promover o diálogo respeitoso para estimular a comunhão na fé em
tempo de politização e polarizações nas redes sociais.
A mensagem
retoma a natureza e a missão da entidade na sociedade brasileira.
Confira, na
sequência, a íntegra do documento que será enviado à todas as 277
circunscrições eclesiásticas do Brasil, incluindo arquidioceses, dioceses,
prelazias, entre outras.
Mensagem da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ao povo de Deus
“O que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que
também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o
seu Filho Jesus Cristo.” (1Jo 1, 3)
Em comunhão com
o Papa Francisco, nós, Bispos membros da CNBB, reunidos na 56.ª Assembleia
Geral, em Aparecida-SP, agradecemos a Deus pelos 65 anos da CNBB, dom de Deus
para a Igreja e para a sociedade brasileira. Convidamos os membros de nossas
comunidades e todas as pessoas de boa vontade a se associarem à reflexão que
fazemos sobre nossa missão e assumirem conosco o compromisso de percorrer este
caminho de comunhão e serviço.
Vivemos um tempo
de politização e polarizações que geram polêmicas pelas redes sociais e atingem
a CNBB. Queremos promover o diálogo respeitoso, que estimule e faça crescer a
nossa comunhão na fé, pois só permanecendo unidos em Cristo podemos
experimentar a alegria de ser discípulos missionários.
A Igreja fundada
por Cristo é mistério de comunhão: “povo reunido na unidade do Pai e do Filho e
do Espírito Santo” (São Cipriano). Como Cristo amou a Igreja e se entregou por
ela (cf. Ef 5, 25), assim devemos amá-la e por ela nos doar.
Por isso, não é possível compreender a Igreja simplesmente a partir de
categorias sociológicas, políticas e ideológicas, pois ela é, na história, o
povo de Deus, o corpo de Cristo, e o templo do Espírito Santo.
Nós, Bispos da
Igreja Católica, sucessores dos Apóstolos, estamos unidos entre nós por uma
fraternidade sacramental e em comunhão com o sucessor de Pedro; isso nos
constitui um colégio a serviço da Igreja (cf. Christus Dominus, 3).
O nosso afeto colegial se concretiza também nas Conferências Episcopais,
expressão da catolicidade e unidade da Igreja. O Concílio Vaticano II, na Lumen
Gentium, 23, atribui o surgimento das Conferências à Divina Providência e,
no decreto Christus Dominus, 37, determina que sejam estabelecidas
em todos os países em que está presente a Igreja.
Em sua missão
evangelizadora, a CNBB vem servindo à sociedade brasileira, pautando sua
atuação pelo Evangelho e pelo Magistério, particularmente pela Doutrina Social
da Igreja. “A fé age pela caridade” (Gl 5, 6); por isso, a Igreja,
a partir de Jesus Cristo, que revela o mistério do homem, promove o humanismo
integral e solidário em defesa da vida, desde a concepção até o fim natural.
Igualmente, a opção preferencial pelos pobres é uma marca distintiva da
história desta Conferência. O Papa Bento XVI afirmou que “a opção preferencial
pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre
por nós, para enriquecer-nos com a sua pobreza”. É a partir de Jesus Cristo que
a Igreja se dedica aos pobres e marginalizados, pois neles ela toca a própria
carne sofredora de Cristo, como exorta o Papa Francisco.
A CNBB não se
identifica com nenhuma ideologia ou partido político. As ideologias levam a dois
erros nocivos: por um lado, transformar o cristianismo numa espécie de ONG, sem
levar em conta a graça e a união interior com Cristo; por outro, viver entregue
ao intimismo, suspeitando do compromisso social dos outros e considerando-o
superficial e mundano (cf. Gaudete et Exsultate, n. 100-101).
Ao assumir
posicionamentos pastorais em questões sociais, econômicas e políticas, a CNBB o
faz por exigência do Evangelho. A Igreja reivindica sempre a liberdade, a que
tem direito, para pronunciar o seu juízo moral acerca das realidades sociais,
sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum ou a salvação humana
o exigirem (cf. Gaudium et Spes, 76). Isso nos compromete
profeticamente. Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos
desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada. Se, por este
motivo, formos perseguidos, nos configuraremos a Jesus Cristo, vivendo a
bem-aventurança da perseguição (Mt 5, 11).
A Conferência
Episcopal, como instituição colegiada, não pode ser responsabilizada por
palavras ou ações isoladas que não estejam em sintonia com a fé da Igreja, sua
liturgia e doutrina social, mesmo quando realizadas por eclesiásticos.
Neste Ano
Nacional do Laicato, conclamamos todos os fiéis a viverem a integralidade da
fé, na comunhão eclesial, construindo uma sociedade impregnada dos valores do
Reino de Deus. Para isso, a liberdade de expressão e o diálogo responsável são
indispensáveis. Devem, porém, ser pautados pela verdade, fortaleza, prudência,
reverência e amor “para com aqueles que, em razão do seu cargo, representam a
pessoa de Cristo” (LG 37). “Para discernir a verdade, é preciso
examinar aquilo que favorece a comunhão e promove o bem e aquilo que, ao invés,
tende a isolar, dividir e contrapor” (Papa Francisco, Mensagem para o
52.º dia Mundial das Comunicações de 2018).
Deste Santuário
de Nossa Senhora Aparecida, invocamos, por sua materna intercessão, abundantes
bênçãos divinas sobre todos.
Aparecida-SP, 19
de abril de 2018.
Cardeal Sergio
da Rocha
Arcebispo de Brasília-DF
Presidente da CNBB
Arcebispo de Brasília-DF
Presidente da CNBB
Dom Murilo Sebastião
Ramos Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
FONTE:http://www.cnbb.org.br/bispos-reunidos-em-sua-56a-assembleia-geral-enviam-mensagem-ao-povo-de-deus/
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
FONTE:http://www.cnbb.org.br/bispos-reunidos-em-sua-56a-assembleia-geral-enviam-mensagem-ao-povo-de-deus/
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